Mário Ferreira Campos Filho é o atual presidente do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS). O economista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com MBA em Finanças pelo IBMEC e Relações Governamentais pela FGV de Brasília, atua no setor desde 2003.
Atualmente é presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais – SIAMIG – e dos Sindicatos da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Minas Gerais. Em 2021 também assumiu a Câmara Setorial de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura.
Em 2003 entrou na SIAMIG, no qual representa 36 associados, produtores de açúcar, etanol e bioeletricidade do Estado. Mário Campos também é presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável da Federação das Indústrias de Minas Gerais (CEMA/FIEMG) e vice-presidente do Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (CIEMG). Além de membro do Conselho Temático da Agroindústria e do Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) – COAGRO / COEMA.
Canal – Jornal da Bioenergia: O senhor assumiu a presidência do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS) em 2021. Na visão do senhor, quais os desafios do setor sucroenergético atuais?
Mário Campos: É uma satisfação presidir o Fórum, uma entidade, que é composta por 15 associações, isso é em sindicatos estaduais, de 15 estados diferentes, ou seja, é realmente é a junção do segmento no Brasil, onde se discute os assuntos de maior importância para o setor com a sede em Brasília (DF), que é o centro do poder no País.
Em minha opinião, o maior desafio hoje é manter todas as nossas conquistas dos últimos anos. No etanol conseguimos inserir a mistura 27% de anidro na gasolina, implementar o RenovaBio, que é o primeiro mercado de carbono no Brasil. E ainda ter um diferencial tributário importante entre etanol e gasolina, viabilizando a venda em diversos Estados.
Já no açúcar destaco a consolidação do Brasil com o maior produtor, marcado por um trabalho internacional importante desenvolvido nos últimos anos pelo Governo Federal, que contestou os diversos subsídios dos países que estavam atrapalhando esse mercado. E no nosso terceiro produto: a energia elétrica que é a bioeletricidade, que entrou mais recentemente no setor, e hoje, é um produto importante para as empresas.
O nosso grande desafio é manter esse ecossistema produtivo. O ano de 2021 foi muito desafiador, pois tivemos muitos problemas na produção de cana e na relação da remuneração, mas também temos o desafio nos próximos anos de recuperar essa produção.
Também podemos citar a tarifa de regulamentação de importação de 20% e a regulamentação da venda direta, que hoje tem uma Medida Provisória em tramitação no Congresso, que precisa ser aprovada para que a venda direta possa continuar a existir no Brasil.
Canal: E para um futuro próximo?
Mario: O grande ponto de discussão para o futuro é a questão da mobilidade sustentável. Temos em discussão em todo o mundo a redução do uso de combustíveis fosseis que é usado muito no transporte. No Brasil temos a possibilidade do uso dos biocombustíveis com alternativas e queremos mostrar que o biocombustível não é só o combustível do presente, mas do futuro.
A discussão da mobilidade sustentável, a contextualização do um carro elétrico no país e as consequências não só para o setor de etanol, mas para toda a indústria automobilística e a economia do Brasil são outros pontos. Esse debate é sem dúvida crucial dentro da nossa discussão.
Ademais, no país é muito discutida a reforma tributaria. Apesar de ainda não temos um avanço expressivo, temos propostas nas duas casas – Câmara e Assembleia . Este é outro um ponto importante para que o setor não perca as conquistas já alcançadas.
Canal: Hoje quantos filiados o FNS possui? Qual a importância dele no país?
Mario: Como já mencionado são 15 associações, de 15 estados diferentes. A importância é mostrar essa união setorial e lutar pelo que o setor almeja. Sem dúvida essa aglutinação, essa reunião e a capacidade de influência dada pela presença do setor em diversas regiões do país e com diversas relações com mundo político são extremamente importantes.
Canal: Quais os principais objetivos do Fórum para esta gestão?
Mario: O primeiro é de continuidade, mas acredito que o Fórum precisa estar mais presentes nas discussões. Hoje no Brasil temos uma dinâmica forte de redes sociais e comunicação, além disso, é perceptível que nos últimos meses nunca se produziu tanto no Legislativo. Precisamos de um Fórum com mais estrutura e mais capacidade de estar próximo e de fazer coalisões, visando de aglutinar forças em busca das nossas metas.
Canal: Um dos gargalos do setor é a necessidade de fazer Reforma Tributária do etanol frente à gasolina. Por que ela é necessária?
Mario: A questão tributária tem uma conotação muito importante para o setor. E, é claro, que quando o conceito que leva em simplificação e até mesmo de redução de carga tributária é aprovado por muitos, mas quando se vai aos “detalhes”, o texto final a ser aprovado tem muita discussão.
Recentemente vimos o imposto de renda e algumas PECs, que são mais estruturantes, com uma discussão muito grande, onde participa não apenas o setor privado, mas os entes federativos e até mesmo os municípios. Assim, temos uma complexidade muito grande quando se discute a reforma.
Nós temos um produto que claramente tem uma contribuição, no contexto ambiental, para a sociedade. Nos últimos anos conseguimos ter um diferencial tributário entre os produtos poluidores. O nosso objetivo, em qualquer discussão da reforma tributária, é manter esse diferencial e, dessa forma, a refletir nos preços nos produtos para os consumidores e inclusive induzindo que ele escolha os nossos produtos.
O setor desenvolveu em vários estados, com a presença de fortes incentivos, que buscava atrair esses investimentos, no qual o setor ainda não tinha um desenvolvimento grande. E também a manutenção de investimentos realizados no passado em Estados já consolidados.
Canal: Como o Fórum deseja promover o setor?
Mario: O Fórum tem um objetivo de ser uma representação política com foco no centro do poder, em Brasília (DF). O nosso objetivo é que o Fórum seja cada vez mais conhecido como uma entidade. É dessa forma que esperamos melhorar ainda mais essa imagem no centro do poder, apresentando os nossos pleitos e, é claro, fazendo todo o envolvimento desta entidade perante o pode público.