Presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel, o deputado federal Evandro Gussi (PV/SP) afirmou que esteve em reunião na semana passada com o ministro de Minas e Energia (MME), Fernando Coelho, que garantiu o B10 (mistura de 10% de biodiesel no diesel fóssil) para março de 2018. Gussi participou do primeiro painel da Conferência BiodieselBR 2017, nesta segunda-feira (23/10), em São Paulo.
“Essa reunião significa um processo de esperança para o país, porque esse setor é um exemplo de Brasil que dá certo e apresenta resultados memoráveis com impactos na vida das pessoas”, ressaltou o deputado.
Gussi também contou que esteve em reunião com o presidente da República para tratar do RenovaBio – que aguarda uma Medida Provisória para sair do papel – e rebateu os questionamentos sobre impactos inflacionários do programa.
“Nós vamos fazer de um jeito ou de outro. Caso não seja uma Medida Provisória, será um Projeto de Lei”, garantiu. “Aquilo que para os outros países é freio, para nós é acelerador. Substituir os combustíveis fósseis no Brasil significa desenvolvimento”.
“A importância do biodiesel para o Brasil” e “RenovaBio e seus efeitos no comércio de biodiesel” foram temas de painéis do primeiro dia do maior evento da cadeia produtiva na América Latina.
Segundo o vice-presidente Financeiro da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), Antin Bianchini, que também participou do painel de abertura, o uso do biodiesel tem um efeito cascata na economia dez vezes superior ao do refino de diesel. “O biodiesel é uma mola mestra que alavanca a economia brasileira, com efeitos ambientais, verticalização da produção e estímulo de mercados”, pontuou.
Antin destacou o pleito da Ubrabio para que a antecipação da mistura obrigatória para 9% (B9) ocorresse ainda este ano. “O Brasil está aumentando as importações de diesel, quando podia estar produzindo mais biodiesel para suprir a demanda interna por combustíveis. Ainda não desistimos e vamos continuar insistindo para que no próximo leilão tenhamos o B9”, concluiu.
Matéria-prima e investimento
O diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, explicou que as externalidades do biodiesel são representativas para todos os setores. “Os reflexos do RenovaBio para a sociedade são muito maiores do que aqueles que estão sendo mensurados. Nós precisamos ter uma visão de longo prazo de investimentos na indústria e diversificação de matérias-primas atrelada a uma redução cada vez maior de emissões de gases de efeito estufa”. Dentre as possibilidades de matérias-primas, além do óleo de soja, estão as gorduras animais, óleo de fritura usado, palmáceas nativas como a macaúba e as microalgas.
Agregação de valor, infraestrutura e logística foram outros pontos abordados. Segundo Tokarski, o Brasil está deixando de agregar valor à produção agrícola e gerar empregos para importar diesel fóssil, que tem que atravessar o país para chegar aos postos, enquanto a produção de biodiesel já está interiorizada e distribuída em todo o território nacional. “A sociedade precisa discutir que combustível ela quer”, finalizou.
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