Élbia Silva Gannoum é presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). É economista, doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina. Em sua carreira, acumulou experiências como membro da Diretoria da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), economista-chefe do Ministério de Minas e Energia, coordenadora de Política Institucional do Ministério da Fazenda, assessora de assuntos econômicos no Ministério de Minas e Energia, assessora na ANEEL e professora da Universidade Federal de Santa Catarina.
Canal: Qual o atual cenário do setor eólico brasileiro? Como a ABEEólica avalia o crescimento nos últimos anos?
Élbia Silva: A energia eólica é hoje uma fonte consolidada e que oferece segurança. Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando ótimos resultados em relação à importância da eólica na matriz elétrica, com crescimento sustentável e sucessivos recordes de geração. Temos hoje uma capacidade instalada que já passou dos 13 GW, com mais de 500 parques eólicos e chegamos a abastecer 11% do País e mais de 60% do Nordeste, na época que chamamos de “safra dos ventos”, que vai mais ou menos de junho a novembro. Nos últimos anos, e especialmente no ano passado, as eólicas salvaram o Nordeste de um racionamento em tempos de reservatórios baixos e com bandeira vermelha. O Brasil tem um dos melhores ventos do mundo do mundo para produção de energia eólica e nosso fator de capacidade, que é a medida de produtividade do setor, passa do dobro da média mundial. Além disso, temos uma cadeia produtiva 80% nacionalizada, que investe e gera empregos aqui. No ano passado, por exemplo, foram cerca de 30 mil postos de trabalho. Todos estes dados são prova de um setor que vem mostrando sua maturidade. Até 2020, considerando apenas os contratos assinados e leilões já realizados, vamos chegar a 18,63 GW. Com novos leilões, esse número ainda vai crescer. Importante lembrar que, hoje, as eólicas são a opção mais competitiva de contratação, conforme resultado do último leilão, realizado em dezembro de 2017 e no início deste ano.
Canal: Quais as contribuições do setor para a matriz energética brasileira, levando em consideração as discussões sobre o futuro energético?
Élbia Silva: Podemos resumir as contribuições das eólicas da seguinte forma: é renovável; não polui; possui baixíssimo impacto ambiental; contribui para que o Brasil cumpra o Acordo do Clima; não emite CO2 em sua operação; tem um dos melhores custos benefícios na tarifa de energia; permite que os proprietários de terras onde estão os aerogeradores tenham outras atividades na mesma terra; gera renda por meio do pagamento de arrendamentos; promove a fixação do homem no campo com desenvolvimento sustentável; gera empregos que vão desde a fábrica até as regiões mais remotas onde estão os parques e incentivam o turismo ao promover desenvolvimento regional.
Canal: Quais são os parques mais importantes instalados no país?
Élbia Silva: O Brasil tem hoje mais de 500 parques eólicos em operação, de diferentes tamanhos. A ABEEólica não faz ranking dos parques.
Canal: Qual é o incentivo que o governo brasileiro tem dado ao setor eólico?
Élbia Silva: A energia eólica no Brasil é competitiva. O apoio do governo tem sido no sentido de promover leilões com um ambiente de negócios que propicie a competitividade e o desenvolvimento da fonte. A inserção das eólicas nos leilões acontece porque o governo entende os benefícios da fonte e suas contribuições sociais, ambientais e econômicas para a sociedade.
Canal: O Renovabio deve e pode impactar na produção de energia eólica do Brasil?
Élbia Silva: O Renovabio faz parte do esforço do Governo Brasileiro de ter uma matriz energética renovável, equilibrada e diversificada. Para as eólicas, não há impacto direto, mas entendemos como um movimento saudável a existência do Renovabio.
Canal: Para o setor, qual o impacto dos leilões realizados no ano passado?
Élbia Silva: Significou uma retomada, já que o setor havia ficado 24 meses sem contratação.
Canal: Ainda se fala em carência de mão-de-obra para o setor? Como melhorar esta situação?
Élbia Silva: O setor já evoluiu muito nisso, há vários cursos à disposição para os profissionais e as próprias empresas também se encarregam de realizá-los.
Ana Flávia Marinho-Canal-Jornal da Bioenergia