A moagem de cana-de-açúcar pelas unidades produtoras da região Centro-Sul alcançou 45,31 milhões de toneladas na 2ª metade de junho, contra 47,71 milhões de toneladas verificadas no mesmo período na safra 2017/2018. Da quantidade total de cana processada, apenas 37,67% foi destinada à fabricação de açúcar, contrastando significativamente com os 50,52% registrados na mesma data de 2017.
Como consequência, a produção de açúcar diminuiu 23,69% nos últimos quinze dias de junho de 2018, atingindo 2,28 milhões de toneladas. A fabricação de etanol, por outro lado, aumentou 30,44%, totalizando 2,35 bilhões de litros nesta safra contra 1,80 bilhão em igual período do ciclo 2017/2018.
No caso do etanol hidratado, o aumento foi ainda maior: atingiu expressivos 1,55 bilhão de litros, com crescimento de 60,18% em relação à produção quinzenal apurada no final de junho de 2017.
Para o diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, os dados levantados reforçam a tendência observada nas quinzenas anteriores e indicam a preferência das empresas pela fabricação de etanol. “Se as usinas não tivessem alterado o mix de produção, teríamos registrado até agora uma fabricação de açúcar de 2,6 milhões de toneladas, superior àquela efetivamente apurada”, esclarece o executivo.
Nesse período, a produção de etanol de milho totalizou 24,47 milhões litros. No acumulado desde o início da safra foram fabricados 161,51 milhões de litros de etanol, incremento de 171% em relação ao volume observado em igual período do ano passado.
Desde o início da atual safra até o dia 30 de junho, a moagem alcançou 222,57 milhões de toneladas (crescimento de 11,60% na comparação com igual período do ciclo 2017/2018), com a fabricação de 9,75 milhões de toneladas de cana (- 12,10%), 3,29 bilhões de litros de etanol anidro (+ 2,06%) e 7,77 bilhões de litros de hidratado (+76,36%).
O diretor da UNICA explica que “apesar do aumento da produção de hidratado ter superado a marca de 75%, não foi observado nenhum problema generalizado até o momento relacionado à armazenagem física do produto. “É importante mencionar que o último levantamento sobre a capacidade de estocagem de etanol indicou a existência de tanques com capacidade superior a 16 bilhões de litros nas unidades produtoras, e que a estocagem atual é inferior a 35% dessa capacidade”, acrescenta Padua.
Produtividade e qualidade da matéria-prima
A qualidade da matéria-prima processada na segunda quinzena de junho, mensurada a partir da concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), cresceu 7,78%, atingindo 140,06 kg por tonelada em 2018 contra 129,94 kg verificados na mesma quinzena do último ano.
No acumulado até 31 de junho, o indicador de qualidade atingiu 129,10 kg de ATR por tonelada, mantendo a alta de 4,84% em relação ao valor da safra 2017/2018.
“Os índices de qualidade verificados no final de junho deste ano só foram observados no início de agosto em anos anteriores. O clima seco favoreceu a concentração de açúcares na planta, mas deve prejudicar substancialmente o rendimento agrícola da lavoura a ser colhida nos próximos meses”, enfatiza Antonio de Padua.
Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) nos dois primeiros meses de safra não indicavam nenhuma retração na produtividade agrícola do canavial. Contudo, em junho essa tendência se reverteu e, pela primeira vez nesta safra, o rendimento da lavoura ficou aquém daquele registrado em 2017/2018.
Com efeito, as informações apuradas pelo CTC a partir de uma amostra de 139 empresas, indicam uma redução de 2,59% na produtividade agrícola da área colhida em junho do ano corrente em comparação com o mesmo mês de 2017 (82,91 toneladas por hectare contra 85,11 toneladas por hectare no ano passado).
No acumulado desde o início da safra até 1º de julho, a produtividade agrícola ajustada pelo perfil de colheita observado no primeiro trimestre do ciclo 2017/2018 assinala uma sensível redução de 2,46% (80,02 toneladas por hectare versus 82,04 toneladas por hectare).
Vendas de etanol
O total de etanol comercializado pelas unidades produtoras em junho atingiu expressivos 2,62 bilhões de litros, sendo 2,52 bilhões de litros direcionados ao mercado doméstico e apenas 100,03 milhões de litros exportados.
No mercado interno, chama a atenção o crescimento registrado para as vendas de etanol hidratado. O volume vendido pelas usinas e destilarias do Centro-Sul registrou aumento de 47,80% em relação ao montante registrado em igual período do ano passado: 1,69 bilhão de litros em 2018 contra apenas 1,14 bilhão de litros de hidratado no último ano. No caso do anidro, as vendas permaneceram estáveis em junho, com 837,61 milhões de litros vendidos este ano ante 839,94 milhões de litros no ciclo 2017/2018.
Para o diretor Técnico da UNICA, “os preços do hidratado permanecem muito competitivos e o consumidor já percebeu a enorme economia que pode obter ao abastecer com etanol neste momento. Isso sem contar todos os benefícios ambientais promovidos pelo biocombustível.”
De fato, o levantamento de preços realizado pela ANP indica que o hidratado permanece muito favorável ao consumidor desde maio, mês em que a paridade média de preços entre o hidratado e a gasolina atingiu 65% – esse índice é muito abaixo da relação técnica de rendimento real dos combustíveis, em torno de 73%.
Os dados publicados pela ANP indicam ainda que nas últimas quatro semanas essa situação se intensificou nos principais estados consumidores – São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Todos os 212 municípios amostrados pela Agência apresentam atratividade econômica para o hidratado, sendo que em 90% dessas cidades a paridade registrada é inferior a 67%.
Como consequência dessa condição, as vendas acumuladas de etanol pelas usinas desde o início da atual safra até 1º de junho já atingiram 6,53 bilhões de litros, com 260,02 milhões de litros exportados e 6,27 bilhões de litros comercializados domesticamente – crescimento acumulado de 11,81% na comparação com igual período de 2017.