As discussões sobre critérios envolvendo o uso da terra e as emissões de gases de efeito estufa geradas durante o processo produtivo de biocombustíveis para uso na aviação internacional apresentam sinergia com as diretrizes estabelecidas pelo Brasil no Programa RenovaBio. Eis uma oportunidade para o setor sucroenergético nacional na avaliação do analista do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Mateus Ferreira Chagas.
Na segunda quinzena de setembro (17/09 a 21/09), o pesquisador do CTBE integrou uma comitiva brasileira formada por representantes do governo, indústria e instituições acadêmicas no 7° Encontro da Força-Tarefa para Combustíveis Alternativos de Aviação (AFTF, na sigla em inglês), em Montreal, no Canadá. O evento reuniu especialistas do setor aeronáutico de diversos países, ONGs e empresas.
Em nome do setor sucroenergético brasileiro, Mateus Ferreira participou do encontro por meio da parceria entre a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para promover os derivados da cana no mercado internacional.
“Esteve em discussão a definição de parâmetros de elegibilidade para classificação das matérias-primas e quantificação do desempenho ambiental de combustíveis renováveis para aviação, cujo cumprimento deve ser verificado como parte do processo de certificação da sustentabilidade. Além da produção a partir de matérias-primas tradicionais, como a cana-de-açúcar e a soja, o bagaço e a palha da cana poderão ser inseridos como matérias-primas para produção de biocombustíveis de aviação com baixas emissões e nos favorecer”, avalia Mateus Ferreira.
De acordo com o pesquisador, existe um objetivo em comum entre as premissas do RenovaBio e as que estão sendo analisadas por integrantes do AFTF, grupo ligado ao Committee on Aviation Environmental Protection (CAEP), formado por representantes técnicos de países membros da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI).
“A realização deste encontro em Montreal permitiu ao grupo do AFTF chegar a importantes consensos metodológicos para a futura implementação do esquema de redução e compensação de carbono [emissões] no setor aeronáutico. Isso evidenciou a necessidade de trabalhos futuros, que devem continuar sendo acompanhados de perto pelo Brasil”, conclui o pesquisador do CTBE. Unica