O horário de verão, em vigor desde 1931 e que neste ano terá início em 4 de novembro, já foi muito importante para a economia de energia no Brasil. Porém, essa economia gerada no período já não se justifica mais. É como avalia a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), que aponta um movimento contrário, na verdade um aumento no consumo de eletricidade nos últimos anos. “Os motivos para o horário de verão existir diminuíram ao longo do tempo. Este fator já não tem tanta relevância como antes”, comenta o presidente da Abesco, Alexandre Moana.
A argumentação tem relação com o aparelho que se tornou o maior vilão do consumo de energia no país: o ar-condicionado. “Na prática, na maior parte do Brasil, esse aparelho é usado ao máximo. Por isso, essa mudança de horário não faz mais sentido”, enfatiza Moana.
Ainda segundo o presidente da Abesco, o cenário é bastante diferente de décadas atrás, quando o chuveiro elétrico era considerado o grande causador de desperdício. “O ar-condicionado não é que nem o chuveiro, que você liga durante cerca de dez minutos. Se alguém liga este aparelho maior, geralmente, são para períodos maiores; para dormir, por exemplo. Então, conclui-se que a temperatura é o que mais influencia os hábitos do consumidor e não a incidência da luz”, observa.
Eficiência energética
Moana revela ainda que o aparelho de ar-condicionado tem a possibilidade de ser ainda mais eficiente do que ochuveiro, desde que haja um isolamento adequado do ambiente em que ele está instalado.
“O chuveiro tem 96% de eficiência energética. Já o ar-condicionado, é variável. Por exemplo, se houver uma fresta aberta no ambiente, pode haver desperdício de cerca de 20% de energia. Já a instalação de um aparelho com tamanho diferente do ideal pode gerar mais de 30% de perda. Se a casa for construída com a parede mais fina doque deveria e o sol estiver batendo justamente nela, o gasto de energia, desnecessariamente, pode superar os 40%”, explica.
Outro fator que poderia deixar o ar-condicionado mais eficiente é o dimensionamento dele de acordo com o tamanho do ambiente. “Às vezes, a pessoa tem um ar-condicionado pequeno para o tamanho da sala. Logo, vai gastar mais tempo para refrigerar o local. Há também aquele caso em que o ar-condicionado é muito grande, tem uma potência maior, não justificando o uso, se a sala é menor”, completa.
Para se ter uma ideia, nos 126 dias em que esteve em vigor entre o final de 2017 e início de 2018, o horário de verão gerou uma economia de apenas 74,2 MWh em 234 cidades atendidas pela CPFL Paulista, o equivalente ao abastecimento de uma cidade como Campinas (que possui de 1,1 milhão de habitantes) por apenas oito dias.