Camila Agner D’Aquino é formada em Química Ambiental pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutoranda em Energia pela Universidade de São Paulo (USP). É gerente-executiva da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás), onde tem trabalhado no desenvolvimento de políticas públicas para incentivo ao biogás e do biometano na matriz energética brasileira. Coordenou grupos de pesquisa em desenvolvimento de biocombustíveis na USP, Lactec e UFPR, atuando na área há mais de 10 anos.
Canal: A produção brasileira de biogás em 2018 tem atingido as expectativas?
Camila: Em 2018 tivemos a inauguração de importantes projetos, como a planta de biometano de Fortaleza (CE), os projetos de energia elétrica a partir de biogás de aterro da Asja e a ampliação de diversos projetos existentes. Para o ano de 2018 não tínhamos ainda uma expectativa de crescimento, o que deve começar a ser trabalhado a partir de 2019, devido às políticas públicas em ascensão e à própria expectativa do Governo Federal.
Canal: Quais as principais novas plantas deste ano? Quanto elas representam em produção?
Camila: A planta de Fortaleza merece um destaque por seu pioneirismo em termos de ser a primeira a injetar biometano na rede de gás natural. Ela está produzindo um volume de 100 mil metros cúbicos por dia de biometano, sendo uma das maiores do mundo.
A planta da Sabesp, por sua vez, é inovadora no conceito, já que está demonstrando a viabilidade econômica do biogás como oportunidade para trazer mais atratividade para o setor de saneamento. Atualmente produz 2.500 metros cúbicos de biogás por dia, utilizando somente 10% do seu potencial.
Canal: O RenovaBio já apresentou algum reflexo na produção de biogás nacional?
Camila: Com certeza existe muita movimentação em torno do RenovaBio, que ainda não se consolidou em volume de produção, mas muitas empresas estão idealizando seus processos e se juntando à ABiogás para compreender melhor essa oportunidade.
Portanto, está se consolidando a expectativa da ABiogás de crescimento das empresas atuantes no setor, que é o primeiro passo para um crescimento efetivo do biometano dentro do programa.
Canal: Após um ano, como avaliam a aplicação da Resolução ANP Nº 685?
Camila: Extremamente positiva! Projetos que estavam travados há anos finalmente começaram a ser viabilizados. Algumas mudanças são necessárias, mas a ANP tem sido altamente atenta às necessidades e o setor está muito animado com os avanços.
Canal: O que falta para que produção atinja sua capacidade total?
Camila: Agora a regulamentação está toda pronta e o que falta é investimento. A ABiogás está trabalhando junto aos bancos para trazer investimentos para o setor em condições que sejam competitivas.
Ana Flávia Marinho | CANAL – Jornal da Bioenergia