Por Davi Saadia, Rodrigo Sauaia e Ronaldo Koloszuk*
Simultaneamente ao enfrentamento da COVID-19, um dos principais debates do mundo neste momento está em como reativar o crescimento da economia global e dos países no pós-pandemia. Diversos países, com o apoio de suas autoridades e especialistas, avaliam, com razão, que a estratégia de recuperação deve incluir iniciativas sustentáveis.
Dentre as ações sustentáveis com forte potencial de aceleração econômica, as fontes renováveis oferecem uma plataforma estável e segura para aliar políticas econômicas de curto prazo, com foco na atração de investimentos e na geração de empregos e renda, a metas de diversificação de suprimento elétrico e de sustentabilidade, voltadas ao médio e longo prazos. A geração de energia elétrica limpa, em especial a fonte solar fotovoltaica, se apresenta como uma alavanca poderosa para reaquecer a economia diante da crise do novo coronavírus.
No caso de países da Europa, por exemplo, o plano de recuperação econômica proposto pela Comissão Europeia inclui fontes renováveis como uma peça-chave no enfrentamento aos efeitos da pandemia da COVID-19. Batizado de “Next Generation EU”, o programa tem como um dos pilares estratégicos a geração limpa de eletricidade, especialmente por meio das fontes solar e eólica.
O plano viabilizaria 750 bilhões de euros para financiar investimentos em projetos de geração renovável, construções sustentáveis, redes 5G, requalificação de trabalhadores, entre outras iniciativas. Representantes do organismo afirmaram que fontes renováveis e armazenamento de energia serão priorizadas no fundo e o setor produtivo aguarda a divulgação de mais detalhes sobre o ambicioso programa europeu.
Este “Acordo Verde” busca impulsionar empregos e crescimento econômico, aliado à proteção ao meio ambiente, em vista de outro desafio que paira no horizonte: o aquecimento global. Assim, a proposta mostra o empenho da sociedade europeia em busca de mais resiliência, autonomia e de soluções que aproveitem os recursos locais abundantes, reduzindo a dependência de recursos escassos e finitos.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (International Renewable Energy Agency – IRENA), a solar é a fonte renovável que mais gera empregos no planeta, sendo responsável por mais de um terço dos mais de 11 milhões de empregos renováveis do mundo.
Diante deste cenário, o Brasil pode encontrar oportunidades preciosas em meio à crise. O País possui vastos recursos renováveis, com radiação solar muito superior à dos europeus. Além disso, temos ampla área territorial, equivalente a toda a área da Europa Ocidental, além de telhados e até superfícies de reservatórios hídricos, disponíveis para gerar energia pelo sol.
Com a fonte solar, o Brasil tem a seu favor uma ferramenta estratégica em prol da retomada da economia e da geração de empregos locais. A tecnologia fotovoltaica alivia os gastos dos consumidores com eletricidade, protegendo-os dos aumentos recorrentes em tarifas. Isso traz mais segurança e estabilidade, mesmo em cenários adversos. Por isso, além de fortalecer a atividade econômica do País, a solar ajuda a movimentar os setores produtivas brasileiros, do agronegócio ao comércio, dos serviços à indústria. Para o poder público, contribui na recomposição dos cofres públicos, via arrecadação sobre as atividades do setor.
O desenvolvimento de novos modelos de negócio mostra como este setor é dinâmico, resiliente e acostumado a se adaptar às mudanças. Novas tecnologias surgem a cada momento, dando espaço para as soluções mais versáteis, robustas e competitivas. Entre elas, se destacam baterias para armazenamento de energia elétrica, módulos e inversores fotovoltaicos cada vez mais eficientes e uma série de novas aplicações, como uso de drones com câmeras térmicas para monitoramento e segurança das usinas e pequenos sistemas, que medem, em tempo real, temperatura, funcionamento dos módulos, sombreamento e necessidade de manutenção, entre outros inúmeros lançamentos na área.
Com forte combinação de benefícios e em constante evolução, a fonte solar se mostra cada vez mais relevante ao desenvolvimento da economia brasileira e de muitas nações do planeta. Um dos grandes aprendizados que a pandemia traz aos líderes mundiais e a toda a sociedade é que devemos repensar o modelo de sociedade que queremos para o presente e o futuro. Que possamos trabalhar juntos para construir uma sociedade que acelere a prosperidade econômica com o devido cuidado ao meio ambiente e que se torne, ao mesmo tempo, mais próspera, resiliente e sustentável.
*Davi Saadia é CEO da Go Solar, divisão fotovoltaica da Golden Distribuidora
*Rodrigo Sauaia é CEO da ABSOLAR
*Ronaldo Koloszuk é presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR