O setor de energia eólica têm boas perspectivas para o futuro, contato com os leilões já consolidados e com mercado livre que cresce acelerado. “Se olharmos para o futuro, nossa previsão é que, até 2024, considerando apenas os leilões já realizados, teremos cerca de 28 GW. Estes são números que devem ser comemorados e podem ser ainda maiores, porque não captam completamente o bom desempenho do mercado livre, que vai se somando a esses valores conforme os novos contratos vão sendo fechados. E temos que lembrar que de 2018 a 2020 o ACL foi responsável por uma maior contratação que o ACR no caso de eólicas”, detalha Elbia Gannoum, Presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Gannoum ainda pontua que há dez anos, em 2011, o Brasil contava com menos de 1 GW de capacidade instalada. O País hoje está no 7º lugar no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica. Em 2012, era o 15º colocado. “Agora comemoramos 18 GWs no início de 2021. É um feito impressionante, fruto não apenas dos bons ventos brasileiros, mas também de uma indústria que se dedicou a construir fábricas, trazer e implantar novas tecnologias e que se tornou muito competitiva”.
Segundo a ABEEólica, o país conta com 695 parques eólicos e mais de 8.300 aerogeradores, e é segunda fonte de geração de energia elétrica no Brasil, com 10,3% da matriz energética , atrás apenas das hidrelétricas .E, em dias de recorde, a energia proveniente dos ventos já chegou a atender até 17% do País durante todo o dia.
Os estados do Nordeste brasileiro se destacam. Os quatro maiores geradores estão nessa região. Rio Grande do Norte com a potência instalada de 5.154,2 MV, seguido da Bahia (4.879,6 MV), Piauí (2.275,9 MW) e Ceará (2.179,3 MV).
De 2011 a 2019, foram investidos apenas no Brasil US$ 31,3 bilhões no setor, assim, a cada MW instalado são criados 15 postos de trabalho. Apenas em 2019, por exemplo, foram evitadas a emissão de 22,9 milhões de toneladas de CO2, o equivalente a cerca de 21,7 milhões de automóveis. Além de gerar renda e melhoria de vida para os proprietários de terra com arrendamento para colocação das torres e ainda permite o uso de terra com plantações ou criações de animais, além gerar emprego e capacitação da mão de obra local e de contribuir para que o Brasil cumpra os objetivos traçados no Acordo de Paris.
A pandemia
Para a associação, a energia eólica no Brasil atingiu certa maturidade, que a crise não a derrubou, mas ao contrário, trouxe boas perspectivas de crescimento e da capacidade instalada anual. “É claro que há um impacto, porque a queda de demanda foi grande e isso deve impactar os próximos leilões do mercado regulado, que tendem a ser menores. Temos, no entanto, que considerar que a eólica está passando por um momento de expansão no mercado livre e isso tende a fazer muita diferença para o setor, podendo equilibrar a falta de demanda no regulado. E, mesmo nos leilões regulados, ainda que eles possam ser menores, sabemos que as eólicas tendem a ter um papel importante pela sua competitividade e pelo que sinaliza o PDE 2029”, analisa Elbia.
Durante a pandemia, está sendo muito discutido a necessidade de uma retomada verde da economia. Até o Global Wind Energy Council (GWEC), em parceria com players do setor, lançou em 2020 o documento “Energia eólica: um pilar para a recuperação da economia global – Reconstruindo melhor para o futuro”, que apresenta argumentos sobre o poder de investimento da eólica, com criação de empregos e efeitos positivos para as comunidades e para o desenvolvimento tecnológico.
“Considero que esta seja uma discussão imprescindível. A pandemia está abrindo ainda mais os olhos da humanidade para o inadiável combate ao aquecimento global. E, nesse processo, as fontes que não emitem gases de efeito estufa e apresentam benefícios sociais, econômicos e ambientais, como é o caso da eólica, são nossa melhor aposta para quando chegar o momento da retomada econômica. No caso do Brasil, a boa notícia é que temos como uma das suas principais vantagens comparativas em relação a uma grande maioria dos países o fato de sermos uma potência energética com uma grande diversidade de energias limpas e, no caso das eólicas, tem ainda o fato de que o Brasil possui um dos melhores ventos do mundo, o que significa energia muito competitiva”, explica Elbia.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia