As mudanças climáticas expandirão a região de formação dos ciclones tropicais para além da faixa equatorial do planeta. É o que diz um novo estudo liderado pela Universidade de Yale, o qual também aponta que milhões de pessoas estarão vulneráveis a esses fenômenos que tendem a ser cada vez mais severos.Hoje, os furacões ocorrem majoritariamente nas regiões tropicais do planeta, entre o norte e o sul da Linha do Equador — com raras exceções. Mas, conforme a temperatura global aumenta, a tendência é que este fenômeno ocorra em latitudes médias, atingindo cidades como Nova York e Tóquio.De acordo com o estudo, até o final deste século, as tempestades tropicais surgirão em uma faixa mais ampla do que nos últimos três milhões de anos. Por sinal, em 2020, a tempestade subtropical Alpha atingiu Portugal, o que já deixou cientistas em alerta.
O principal autor do estudo, Joshua Studholme, explicou que a expansão da zona de formação de furacões para latitudes médias afetará a maior parte da população mundial, que vive nessa faixa.
Polos mais quentes
As massas de ar frio dos polos costumam atuar como bloqueadoras dos fluxos mais quentes do Equador, onde ocorrem as tempestades tropicais. Mas um mundo mais aquecido também está tornando os polos mais quentes, permitindo que estes eventos climáticos ocorram em latitudes médias.
Por muito tempo, a influência da humanidade sobre o clima global foi controversa, mas cada vez mais estudos deixam essa relação mais evidente. Um deles é o mais recente relatório climático da ONU, o IPCC, o qual também apontou que os furacões serão ainda mais intensos conforme o planeta aquece.
Para o estudo, Studholme e sua equipe utilizaram uma variedade de evidências para mostrar como os furacões atuarão em uma faixa mais ampla. “O que fizemos foi tornar explícitas as ligações entre a física que ocorre nas próprias tempestades e a dinâmica da atmosfera em escala planetária”, acrescentou.
O problema se agravará quando os furacões encontrarem outros efeitos das mudanças climáticas, como chuvas mais intensas, conforme apontou o ex-cientista da Universidade de Princeton e NOAA, Gan Zhan, que não participou do estudo.
Ainda assim, os autores afirmaram que esta não é uma previsão concreta, já que, quando o assunto é o clima global, muitas variáveis estão em jogo. Por exemplo, caso as emissões de carbono sejam drasticamente reduzidas nas próximas décadas, os resultados da pesquisa certamente mudarão. A pesquisa foi publicada na revista Nature. Nature; Via BBC