*Por Daniel Huber
Por mais que as chuvas dos últimos dois meses tenham trazido um alívio momentâneo ao setor elétrico, o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas é fruto de uma situação de longo prazo de falta de planejamento e fez ressuscitar o “fantasma” do apagão no Brasil, justamente pelo risco de racionamento de eletricidade que se avizinha no País. Também trouxe novo aumento na conta de luz dos brasileiros, com a chamada “bandeira vermelha de escassez hídrica”, resultado do uso intenso de termelétricas fósseis, mais caras e poluentes. A situação afeta diretamente o orçamento das famílias e a competitividade dos setores produtivos. Diante deste desafio, economistas e órgãos do governo tiveram que revisar, para cima, as projeções de inflação para 2021.
Monitoramento do Operador Nacional do Sistema (ONS) nos 161 reservatórios espalhados pelo território nacional revela uma redução do índice de chuvas em todas as regiões brasileiras, sem exceção, o pior dos últimos 91 anos, quando a série histórica teve início. Assim, a crise hídrica deixou de ser um problema localizado em determinadas regiões do País para se tornar uma preocupação nacional e crônica.
Entretanto, a energia solar é parte estratégica da solução a médio e longo prazos. A diversificação da matriz com maior inserção das fontes limpas e renováveis fortalece o abastecimento elétrico e traz mais segurança e competitividade para a economia regional e nacional, uma vez que são as mais baratas em nosso País.
No caso da geração própria de energia solar em telhados e pequenos terrenos de residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos, há também benefícios no alívio de custos do setor elétrico, que ajudam a reduzir a conta de luz de todos os brasileiros.
Além de preservar água das hidrelétricas, a geração própria de energia solar contribui para a redução de despesas que encarecem a conta de luz de todos os brasileiros, reduzindo custos com infraestrutura de geração, transmissão e distribuição. Como se trata de uma produção de eletricidade junto ou próximo do local de consumo, também reduz perdas elétricas. Também diminui a utilização das termelétricas fósseis, maiores responsáveis pela bandeira vermelha que encarece a conta de luz e pela emissão de poluentes e gases de efeito estufa no setor elétrico.
Levantamento inédito da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) aponta que 2021 foi um ano de novos recordes para o setor solar fotovoltaico no Brasil. O segmento atraiu mais de R$ 21,8 bilhões em investimentos em 2021, incluindo as grandes usinas e os sistemas de geração em telhados, fachadas e pequenos terrenos. O resultado representa um crescimento de 49% em relação aos investimentos acumulados até o final de 2020 no País.
De acordo com a entidade, os investimentos de 2021 criaram mais de 153 mil novos empregos no Brasil, espalhados por todas as regiões do território nacional. Desde 2012, a fonte solar fotovoltaica já movimentou mais de R$ 66,3 bilhões em negócios e gerou mais de 390 mil postos de trabalho. Em 2021, as contratações cresceram 65% em relação aos empregos acumulados até o final de 2020 no País.
Em termos de capacidade de geração de energia elétrica limpa e renovável, o Brasil possui atualmente 13 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte (geração centralizada) com os médios e pequenos sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos (geração distribuída), o que já representa quase a mesma potência instalada na usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil e segunda maior do planeta. Segundo a ABSOLAR, o País saltou de 7,9 GW ao final de 2020 para 13 GW ao final de 2021, crescimento de 65%, mesmo em meio a um ano desafiador de pandemia global.
Em 2021, o mercado solar fotovoltaico proporcionou mais de R$ 5,8 bilhões em arrecadação aos cofres públicos, acréscimo de 52% em relação ao total arrecadado até o final de 2020 no País.
Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia solar, basta um dia de instalação para transformar uma residência ou empresa em uma pequena usina geradora de eletricidade limpa, renovável e acessível.
Por isso, o avanço da energia solar no País, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil e ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do País, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de racionamento, bem como da ocorrência de novas bandeiras tarifárias na conta de luz da população.
*Daniel Huber é Vice-presidente e Gerente Geral da SolarEdge para LATAM, APAC e EMEA