A guerra no Leste Europeu, que entre alguns de seus componentes-chave revela a dependência global de combustíveis fósseis, haja vista as discussões sobre o fornecimento de petróleo e gás provenientes da Rússia, sobretudo para o continente europeu, é mais um fator que evidencia a necessidade de o mundo avançar na busca por uma economia descarbonizada, ou seja, mais verde, amigável ao meio ambiente.
Esta foi a mensagem central da cerimônia de abertura do ”Santander DATAGRO Abertura de Safra de Cana, Açúcar e Etanol 2022/23”, realizada na quarta-feira (9), em Ribeirão Preto (SP, e que contou com a participação do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
De acordo com os presentes, entre autoridades, dirigentes do setor sucroenergético, executivos do segmento, produtores de cana, usineiros etc., o conflito na Europa é mais um fato que, combinado às mudanças climáticas, acentua o desafio de que o mundo precisa acelerar a transição energética em direção a fontes limpas e renováveis, e que o Brasil é protagonista nesta questão, além, claro, obviamente, de ser grande player na produção de alimentos.
Um dos participantes da solenidade, o diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Leão, ressaltou que, além da necessidade de diversificação de fontes energéticas, o mundo precisará também, a partir de agora, se ater cada vez mais a origem da energia, considerando questões geopolíticas globais.
Entre os participantes da cerimônia, destaque, ainda, para as presenças do deputado federal Arnaldo Jardim, também presidente da Frente Parlamentar de Valorização do Setor Sucroenergético; do prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira; do secretário da Agricultura de São Paulo, Itamar Borges; da deputada federal Aline Sleutjes, presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados; da superintendente Executiva Agro Corporate do Santander, Caroline Perestrelo; do vice-presidente do Corporate Santander Brasil, João de Biase, do presidente do Sebrae-SP, Tirso Meirelles; do presidente do SIAMIG e do Fórum Nacional Sucroenergético, Mario Campos etc.. Todos foram recepcionados pelo anfitrião, o presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, que comandou os trabalhos.
No evento, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse, que o Brasil está apto a receber elevados volumes de investimentos em projetos ”verdes”, já que o país é o que mais apresenta diversidade de rotas para descarbonização. Segundo o ministro, já existem recursos disponíveis nesta temática, originários do Fundo do Clima e do banco dos Brics.
Considerando a busca por uma mobilidade cada vez mais sustentável, Leite pontuou que não existe um modelo único, e que a escolha terá que levar em conta a fonte energética e a região do mundo. O carro elétrico, disse, por exemplo, não será uma realidade imediata para todos os países. O Brasil, destacou, tem toda a infraestrutura de bicombustíveis [etanol, biodiesel, os avanços com biometano/biogás etc.], com entregas já consolidadas de oferta, preço e, claro, ambientais.
O ministro adiantou que o governo federal desenvolve propostas para viabilizar a criação de um mercado de carbono nacional, que fomente a redução de emissões de gases de efeito estufa e simultaneamente gere créditos de carbono verdes, inclusive advindos do biometano. Estes papéis poderão ser negociados e serem utilizados na prática como ativos ambientais-financeiros do Brasil. ”Poderemos exportar estes créditos.”
O presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, cumprimentou o ministro ao ressaltar, que seu mandato vem combinando as necessárias políticas de comando e controle com medidas de estímulo às soluções sustentáveis. Também presente neste painel, o presidente e CEO da Scania na América Latina, Christopher Podgorski, discorreu sobre a tecnologia que o grupo está desenvolvendo para o uso de biometano/biogás para o segmento de veículos pesados [ônibus e caminhões]. Uagro