Medida entra em vigor em 2024, como resposta governamental para reduzir emissões de GEE e diversificar fontes energéticas
O uso do etanol ajudará a Guatemala a reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao mesmo tempo em que diversificará as fontes de energia do país mais populoso da América Central. A partir de 2024, a mistura de 10% do biocombustível será obrigatória em toda a gasolina do país, de acordo com o ministro de Energia e Minas, Alberto Pimentel, durante o evento “Impacto da mobilidade sustentável na Guatemala”, na terça-feira (15).
“O anúncio do ministro Pimentel é uma excelente notícia para todos nós, pois reforça o papel fundamental do etanol na transição para uma economia de baixo carbono, apresentando uma alternativa efetiva e disponível na Guatemala”, afirmou o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi. Ele recebeu a informação na COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito, de onde participa de uma série de eventos para mostrar o potencial do biocombustível na agenda climática.
Com a mistura de 10% de etanol na gasolina, as autoridades guatemaltecas estimam que sejam evitadas as emissões de aproximadamente 250 mil toneladas de CO2 anualmente. A medida contribuirá para o país centro-americano, com uma forte economia baseada na agricultura, atingir os compromissos assumidos no Acordo de Paris. A meta é reduzir 11% das emissões de CO2 até 2030.
“A Guatemala tem enorme potencial produtivo para ampliar a indústria de bioenergia, reduzindo a forte dependência de combustíveis fósseis”, explicou o diretor-executivo da Unica, Eduardo Leão de Sousa. “Em linha com os objetivos do governo guatemalteco, tivemos a oportunidade de compartilhar nossa experiência brasileira de quase 50 anos de uso e produção do etanol, no Ethanol Talks, cooperando para a alavancar a produção do biocombustível”, completou.
PARCERIA
O seminário Sustainable Mobility: Ethanol Talks Guatemala foi promovido em maio de 2022 pela Unica em parceria com a ApexBrasil e a Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool). O evento proporcionou um ambiente de diálogo e cooperação entre especialistas dos dois países para discutir o uso do etanol como alternativa para a mobilidade de baixo carbono.
No Brasil, toda gasolina contém obrigatoriamente 27% de etanol. Além disso, desde 2003 circulam os veículos flex fuel, que funcionam tanto com gasolina quanto com etanol, em qualquer proporção. O uso de etanol por quase 50% dos carros do Ciclo Otto (veículos leves), evitou a emissão de 600 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera em quase 20 anos.
O cultivo de cana-de-açúcar é um dos principais motores da economia guatemalteca, com exportação de 70% da produção de açúcar – o país é o sexto maior exportador do produto. O país produz etanol há mais de três décadas, tem capacidade instalada de produção de cerca de 250 milhões de litros por ano. Há excedente de melaço e a capacidade instalada para etanol supera a estimativa necessária para a produção necessária em um primeiro momento. Atualmente, o biocombustível é exportado para a Europa e os Estados Unidos.
MODELO
O ministro Alberto Pimentel enfatizou, durante o anúncio desta semana, que a mobilidade sustentável é um modelo que muitos países em todo o mundo estão buscando a fim de reduzir as emissões no setor de transportes e analisar a longo prazo como tornar o transporte mais verde e mais sustentável.
“Os objetivos desta mobilidade incluem mitigar a mudança climática causada pela queima de combustíveis fósseis, reduzir a poluição atmosférica, melhorar a qualidade do ar, coordenar políticas de mobilidade sustentável com políticas energéticas, ambientais, urbanas e de planejamento do uso do solo, entre outras”, disse o ministro.
Atualmente, mais de 70 países no mundo já possuem mandatos que estabelecem algum nível de mistura de etanol na gasolina. A Índia, por exemplo, tem a meta de chegar a 2025 com 20% de mistura, tendo anunciado a marca de 10% em 2022. (UNICA)