A reação tardia do açúcar e a demanda sazonal; confira análise da hEDGEpoint

Os preços do Mercado bruto se aproximaram do nível de retração de Fibonacci de 50% na semana passada, uma recuperação após um grande declínio. Embora seja um movimento esperado, devemos ser cautelosos, pois os fundamentos do mercado não mudaram significativamente.

A alta demanda sazonal durante as festividades do Ramadã tradicionalmente sustenta os preços do açúcar nessa época do ano. Tomando a Indonésia como exemplo, um dos principais importadores, geralmente ocorre um aumento em suas importações durante o primeiro trimestre.

Preocupações sobre os reservatórios da Índia também são reconfortantes para o trader altista, mas ainda é muito cedo para prever o que pode acontecer até a próxima janela de desenvolvimento de cana do país.

A excepcional produção de açúcar do Brasil está mantendo o mercado em um equilíbrio apertado, contribuindo para limitar a atual tendência altista. Esta pode ser uma reação de curto prazo ao movimento da demanda sazonal, e não um reflexo de uma mudança nos fundamentos do mercado.

Os preços do açúcar bruto reagiram na semana passada, aproximando-se do nível de retração de Fibonacci de 50%. Em termos técnicos, normalmente espera-se uma recuperação após um grande colapso, mas devemos permanecer cautelosos, pois os fundamentos não mudaram muito.

“Conforme discutido em relatórios anteriores, o mercado está em um equilíbrio apertado. É natural que os preços encontrem apoio na alta demanda sazonal devido às festividades do Ramadã. O Ramadã, o nono mês do calendário lunar islâmico, tem profunda importância religiosa para os muçulmanos em todo o mundo”, comenta Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da hEDGEpoint Global Markets.

A conclusão do Ramadã é comemorada com o Eid al-Fitr, um dia alegre com orações especiais, banquetes e troca de presentes. Um exemplo ilustrativo de seu impacto sobre o mercado de açúcar é a Indonésia, um importante importador global do adoçante, com uma média anual de 5 Mt, que tradicionalmente experimenta um aumento durante o primeiro trimestre.

“O principal parceiro comercial da Indonésia, em termos de açúcar, é a Tailândia, responsável por cerca de 40% de seu volume total, seguida pelo Brasil, com cerca de 22%. Este ano, a falta de açúcar de seu principal parceiro, a Tailândia, e os resultados decepcionantes de outros países do Hemisfério Norte impulsionarão o aumento da demanda pelo produto do Centro Sul”, explica a analista.

Alguns destinos que normalmente apresentam um aumento nas importações devido à maior demanda, embora não sejam tão relevantes em termos de volume total, são o Egito e os Emirados Árabes Unidos. Esses países e outros localizados no nordeste da África e no Oriente Médio, podem enfrentar alguns desafios adicionais, além da menor disponibilidade, devido ao conflito em andamento no Mar Vermelho.

 

 

 

 

 

 

 

 

Relatórios recentes destacam a preocupação com os níveis de água nos reservatórios indianos. A Comissão Central de Água da Índia revela que, em 11 de janeiro, os níveis gerais dos 150 reservatórios do país estavam em 57%, uma queda em relação à média de 60% registrada em dez anos. Notavelmente, a região sul aparece como um contribuinte significativo para esse declínio, com apenas 39% de sua capacidade preenchida, em comparação com a média de dez anos de 56%.

De acordo com Lívea, “é importante observar que essas reduções eram esperadas, dadas as condições particularmente secas vividas por Karnataka e Tamil Nadu durante a estação das monções, o que afetou diretamente os níveis dos reservatórios”.

Essa situação exige um monitoramento rigoroso, principalmente à medida que nos aproximamos da janela crítica de desenvolvimento das culturas, especialmente da cana-de-açúcar, entre junho e agosto.

“Vale notar, porém, que essa tendência não representa nenhuma ameaça para a safra 23/24 em termos de produção e exportação, sendo esta última nula”, ressalta.

Ainda sobre a Índia, o país produziu 14,87 milhões de toneladas até a primeira quinzena de janeiro, uma queda de 7% em relação ao ano passado. Maharashtra e Karnataka explicitaram as condições adversas que a cana suportou no verão passado, enquanto Uttar Pradesh se manteve firme com um aumento de quase 15% em sua produção.

“No entanto, os agricultores de Maharashtra relataram uma produtividade da cana mais alta do que o esperado, aumentando as expectativas de produção do mercado e nos deixando confortáveis para manter nosso número em 31,85 Mt”, afirma.

 

 

 

 

 

 

 

 

E prossegue: “No entanto, não podemos perder de vista que o Brasil está tendo a melhor safra de sua história. Com uma moagem recorde e excelente exportação – registrando um recorde em dezembro – o Brasil está mantendo sozinho o mercado em um equilíbrio apertado. As chuvas chegaram ao Centro Sul e, embora esparsas, sustentam outro bom ano em 24/25”.

Portanto, o aumento de preços que estamos vendo no açúcar pode ser uma reação de curto prazo à maior demanda em um cenário de equilíbrio apertado, desencadeando alguma compra técnica, mas não refletindo os fundamentos completos. Os 24c/lb parecem ser um teto justo, a retração de Fibonacci de 50%.

 

 

 

 

 

 

 

Sem mudanças nos fundamentos, o mercado pode estar realizando uma recuperação técnica. Esse movimento pode encontrar algum suporte na sazonalidade da demanda. No entanto, devemos ter em mente que o Brasil parece estar indo mais do que bem e está no jogo, suprindo a ausência do Hemisfério Norte até a nova temporada.

Acesse o relatório completo clicando aqui. (Assessoria de imprensa hEDGEpoint Global Markets)

 

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