A Organização da Aviação Civil Internacional tem a meta de alcançar zero emissões líquidas de carbono na aviação internacional até 2050. A entidade defende que é necessário que a aviação realize a transição energética por meio do uso de fontes limpas e renováveis. É justamente neste cenário que os combustíveis sustentáveis da aviação – mais conhecidos como SAF (do inglês Sustainable Aviation Fuels) são a bola da vez. No entanto, o material ainda é escasso no mercado: em 2024, sua produção deve representar apenas 0,5% do total de combustível de aviação usado no mundo, segundo dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo). Ainda de acordo com a Iata, há mais de 140 projetos de produção de SAF em todo o mundo e devem entrar em operação até 2030.
Brasil é protagonista
E é claro que o Brasil, graças a sua grande disponibilidade de matérias-primas, vasta experiência e detentor de tecnologias na produção de biocombustíveis, em particular etanol e biodiesel, tem posição de destaque nesse mercado que emerge. O país inclusive criou a Conexão SAF, um fórum que visa debater os desafios técnicos, regulatórios e produtivos relacionados à produção e consumo de SAF. Vale ressaltar que o Congresso Nacional vem debatendo o projeto de lei 528/2020, que prevê a criação do Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação. O texto, em análise no Senado, propõe exigir percentuais mínimos de uso de SAF a partir de 2027.
Produção Nacional
O primeiro projeto piloto nacional para a produção de combustível sustentável para avião já funciona no Parque Tecnológico Itaipu, em Foz do Iguaçu, Paraná. A planta é da Itaipu Binacional e vai produzir 6 quilos ao dia de uma mistura de hidrocarbonetos sintetizada a partir de biogás e hidrogênio verde, que será destinada à produção de SAF. A unidade deve produzir 6 quilos por dia de biosyncrude, que é uma mistura de hidrocarbonetos sintetizada a partir de biogás e hidrogênio verde. Para isso, serão usados até 50 Nm³ por dia de biogás produzido na unidade de biodigestão da hidrelétrica.
A Raízen, através de acordos para o desenvolvimento de SAF com parceiros internacionais. também é protagonista neste cenário. A expectativa é que a produção de SAF no Brasil comece nos próximos três anos. No blog da Raízen tem a informação: “a empresa assinou uma carta de intenções com uma fabricante de aeronaves para estimular o desenvolvimento de um ecossistema de produção de SAF. A parceria facilita a troca de conhecimento em tecnologia de ponta sobre o SAF entre as duas empresas, bem como com outros stakeholders. Em agosto de 2023, a Raízen recebeu o selo ISCC Corsia Plus, que certifica que etanol de primeira geração produzido no parque de bioenergia Costa Pinto pode ser usado como insumo para a fabricação do SAF.”
Tecnologia
O SAF é produzido através de várias rotas tecnológicas, usando desde oleaginosas até etanol e resíduos sólidos. O elemento comum entre essas matérias-primas é o carbono, essencial para a formação dos hidrocarbonetos que compõem o SAF. A Embraer segue com testes com combustível de aviação sustentável (SAF). Em junho de 2022, a empresa realizou um voo pioneiro com um de seus jatos comerciais E195-E2, utilizando 100% de biocombustível em um dos motores. Depois, em outubro de 2023, dois de seus jatos executivos fizeram um voo de teste empregando exclusivamente SAF.
Canal -Jornal da Bioenergia