Apesar de ser o país da biomassa e de resíduos da biomassa gerados pelo agronegócio, o Brasil ainda não tem o conceito de refinaria integrada, ou seja, fazer, a partir da biomassa, tudo que é feito atualmente com o petróleo que, além de combustíveis e derivados, gera produtos para a indústria petroquímica, disse o engenheiro químico Eduardo Falabella, que preside o 3º Congresso Internacional de Catálise para Biorrefinarias (CatBior), aberto hoje (28) no Rio de Janeiro.
O evento ocorre pela primeira vez nas Américas e se estenderá até o próximo dia 30. Nesse período, discutirá propostas que aprofundem o uso da biomassa. Para Falabella, essas discussões são importantes para que o Brasil tenha todo o preocesso integrado. “O que nós estamos estudando aqui [no congresso] são caminhos possíveis, a partir de biomassa, para a gente chegar a ter essa biorrefinaria completa, integrada, onde a gente chegue até os produtos clássicos da petroquímica por outras rotas”. Atualmente o país tem duas grandes refinarias na área de biomassa, voltadas para o etanol e o biodiesel.
De acordo com o engenheiro, os profissionais e lideranças de 23 países que participam do 3º CatBior estão estudando, por exemplo, como fazer querosene para aviação a partir de biomassa. “A gente está estudando como fazer outros tipos de combustível que sejam capazes de substituir o diesel, a partir, por exemplo, de bagaço de cana”, disse à Agência Brasil.
Outras possibilidades em análise, segundo ele, incluem a obtenção de monômeros – moléculas ou compostos químicos de baixa massa molecular, e que reagem entre elas dando origem a outros compostos – para gerar outros tipos de plástico que possam substituir produtos derivados do petróleo e como desenvolver outros combustíveis alternativos que substituam a gasolina, “não só o etanol, não só o álcool”, disse.
O congresso discutirá também propostas na área da chamada química verde, que engloba produtos de alto valor agregado que venham da matéria-prima vegetal encontrada no Brasil. Por exemplo, como fazer combustível a partir de algas ou fabricar novos aromatizantes a partir de plantas. Segundo Falabella, que também é consultor da Petrobras, a ideia é gerar caminhos que possam substituir, com vantagem, aqueles que existem a partir do petróleo.
O 3º CatBior, de acordo com o engenheiro, é “altamente científico” e ocorre a cada dois anos. A primeira edição foi na Espanha e a segunda, na China. O próximo congresso será em um país da Europa. O Brasil sediará o evento de novo daqui a seis anos. As conclusões do encontro serão reunidas em uma publicação que será encaminhada a todos os governos participantes do CatBior. Agência Brasil