A cana-de-açúcar tem um ciclo natural para perpetuar a espécie. O florescimento é uma etapa desse processo. A emissão do pendão floral significa que a cana fisiologicamente está em um ciclo de reprodução sexuada.
Para entrar no processo de reprodução há uma mudança fisiológica na planta. Ela “acumula reservas” para “utilizar reservas”. “Neste processo normalmente consome-se as reservas da planta acumuladas no colmo na forma de açúcares. Há uma diminuição das quantidades totais de açúcares industrializáveis e também na produtividade agrícola”, explica Jorge Luis Donzelli, do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).
Esse processo é chamado de isoporação, isso é, a perda de líquido da planta. “Com o florescimento, a cana torna mais fibrosa, o que dificulta a industrialização. A taxa de ATR da planta não caiu, mas é mais complexo extrair a sacarose”, pontua o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) para a área de cana-de-açúcar e bioenergia, Alexandro Alves.
Assim, o rendimento da cana-de-açúcar cai em torno de 30%. A Faeg exemplifica que se há expectativa de colher 100 toneladas por hectare, produz apenas 70. Mas existem variedades com maior probabilidade de ocorrência do que outras. Em Goiás, são citados o SP 3250 e RB 7515.
Além da variedade, outros fatores também influenciam. O fotoperíodo, isso é, o tempo de insolação. A temperatura e umidade também são decisivas para que uma variedade florífera lance o pendão floral. “A cana é planta de dias curtos. Alta temperatura e umidade favorecem o florescimento”, ressalta o técnico da Faeg.
A cana tem a idade cronológica e fisiológica em que ela se encontra apta a receber o estímulo para a floração. Essa idade varia de quatro a cinco meses para cana planta, e, de três a quatro meses para cana soca. Um indicativo prático é o desenvolvimento da cana, ou seja, ela estará apta a receber o estímulo para a floração quando apresentar colmos com 4 a 5 entrenós visíveis. A época em que ocorre a indução floral está relacionada ao fotoperíodo. Logo, varia de acordo com a latitude (região onde a cultura está implantada). No Centro Sul, por exemplo, acontece entre 15 de fevereiro e 10 de março.
Os produtores de cana devem aplicar inibidores no início dos meses de fevereiro e março, antecipando o florescimento. Se houver a emissão do pendão floral, não há mais tempo para corrigir, entretanto, a orientação do CTC é antecipar a colheita da variedade para evitar mais perdas.
A Bayer possui em seu portfólio o Ethrel, regulador de crescimento destinado a inibição do processo de florescimento na cana de açúcar. Ele favorece a maturação podendo antecipar a colheita de colmos. O produto diminui a respiração das plantas de cana e, como consequência, os efeitos de perda de peso dos colmos. Os técnicos da Bayer CropScience, em conjunto com produtores canavieiros, identificaram efeitos de diminuição do impacto de perda de produtividade nas áreas com condições de estresse hídrico tratadas, quando utilizadas variedades com tendência a isoporização ou em regiões propícias ao florescimento.
Escolha o tipo ideal de cana
O produtor e a usina, às vezes, não sabem qual é a melhor variedade para a escolha da variedade de cana para uma determinada região é fator fundamental para evitar perdas, principalmente com o florescimento. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) oferece gratuitamente às usinas uma ferramenta gerencial para auxiliar na tomada de decisão para a escolha de variedades, um dos principais insumos da área agrícola.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia