Embrapa busca viabilizar o cultivo da macaúba em sistemas sustentáveis

Sustentabilidade é uma das palavras chaves para as pesquisas que são desenvolvidas por cientistas na Embrapa Agroenergia. Seguindo essa linha, a macaúba, árvore nativa do Brasil e com grande potencial para produção de frutos, não poderia ser deixada de lado, que coerentemente, tem recebido atenção e investimento por parte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A Macaúba é encontrada em maiores concentrações, nas regiões onde o cerrado é predominante, como é o caso do estado de Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins e nas áreas do Distrito Federal, mas também ocorre em outras áreas, como no Nordeste Brasileiro.

Mais recentemente a Macaúba tem sido apontada como alternativa para o desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais (SAF’s) e no contexto da integração, lavoura, pecuária e florestas (iLPF).

A Embrapa tem investido em pesquisas com o objetivo de recuperar áreas de pastagens degradadas com iLPF, juntando na mesma propriedade diversos sistemas produtivos, como por exemplo, grãos, fibras, carne, leite e agroenergia. Seguindo esse viés, a Embrapa pretende intensificar o plantio da macaúba dentro do programa de agricultura familiar em diversas regiões do Brasil. Para isso, tem parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA que estimula as pesquisa e a produção pelos pequenos agricultores.

Com o objetivo de viabilizar tal cenário, a Embrapa por meio das unidades Agroenergia e Cerrados vêm desenvolvendo ao longo dos últimos anos uma série de trabalhos, que vão desde o estabelecimento de sistemas de produção, consorciados ou não, até a determinação de parâmetros de qualidade do óleo para diversas aplicações, incluindo a produção de biocombustíveis. Esses trabalhos fazem parte de projetos que contam com o apoio do governo federal, por meio da agência de inovação (FINEP), como é o caso do projeto PROPALMA; e recursos de apoiadores do exterior, um exemplo é o ICRAF-IFADWorld Agroforestry Centre – International Fund for Agricultural Developmentque financia o projeto MacSaf.

Perspectiva da macaúba no País

O fruto da palmeira pode ser utilizado para diversas finalidades, seja para ração animal, no desenvolvimento de carvão ou na produção de biodiesel e biocombustíveis de aviação.

No entanto, a inserção da palmeira nessas cadeias produtivas ainda depende de desenvolvimento tecnológico em diversas etapas do sistema produtivo. “Em vários locais onde a palmeira é encontrada já existe produção agropecuária, a macaúba é vista como uma árvore que dá sombra e fruto” diz Alexandre Alonso, pesquisador da Embrapa Agroenergia.

Alexandre acredita que é necessário difundir os múltiplos usos da palmeira para que os produtores identifiquem uma oportunidade de incrementar a produção e a renda de sua propriedade. “Isso aliado ao desenvolvimento de tecnologias e sistemas de cultivo certamente dará novo folego para a exploração desta palmeira, hoje totalmente realizada de modo extrativista”, destaca o pesquisador.

O produtor rural, Waldomiro Cardoso da Silva, da Cooperativa, de Mirabela/MG conta que a partir da macaúba podem ser desenvolvidos uma variedade de artigos, desde produtos de limpeza, cosméticos, até óleos comestíveis. Com isso, os ganhos são direcionados tanto para a parte ambiental quanto econômica, já que a palmeira é sabidamente produtiva por décadas.

O agricultor tem ainda, ao cultivar/explorar a árvore, a vantagem de a mesma permitir o cultivo concomitante de outras culturas em sistemas consorciados ou pastagens.  Dessa forma os pequenos agricultores têm a oportunidade de diversificar sua renda ao final do mês.

Projetos de pesquisa

O projeto MacSaf, desenvolvido na região Nordeste do País no contexto do  Programa para o Desenvolvimento de Cultivos Alternativos para Biocombustíveis do –ICRAF-IFAD, busca desde o ano passado agregar a palmeira em SAF’s, explorando principalmente, o conceito de cultivos integrados com potencial de introdução de atividades agrícolas.

“A macaúba foi plantada utilizada como componente de floresta das áreas que farão parte do projeto”, ressalta o coordenador do Projeto e pesquisador da Embrapa Agroenergia, Alexandre Cardoso.

Ele conta ainda que, além da macaúba, o pinhão-manso e culturas de uso alimentar como o amendoim, feijão e soja também devem entrar na composição. “Já foram implantadas áreas englobando macaúba, feijão caupi e milho, nos experimentos implantados”, diz Cardoso.

O projeto PROPALMA, financiado pela FINEP, também busca viabilizar o cultivo da macaúba. Esse projeto foca especificamente em pesquisas que tem como finalidade a produção de biocombustíveis e aproveitamento de coprodutos e resíduos. Alexandre Alonso, pesquisador da Embrapa Agroenergia e coordenador do projeto, enfatiza que o projeto visa desenvolver tecnologias que conjuntamente permitam a consolidação de um sistema de produção para a espécie.

“O projeto tem ações voltadas para o desenvolvimento de tecnologias que visam à produção de mudas, métodos de plantio, sistemas de irrigação, estratégias de adubação, e manejo de pragas e doenças” diz o pesquisador.

Segundo  Alonso, outro componente importante do projeto, são as ações focadas no desenvolvimento e caracterização de recursos genéticos e melhoramento genético. “Nosso objetivo é desenvolver novas variedades de Macaúba, com características mais adequadas e promissoras para os agricultores”, ressalta o pesquisador.

Em comum a esses dois últimos projetos, existe a visão da empresa para espécies vegetais ditas alternativas. A Embrapa busca viabilizar o plantio destas espécies, em sistemas intensivos, sem deixar de apoiar ações voltadas aos pequenos produtores com a exploração extrativista.

A integração entre essas estratégias ocorre naturalmente uma vez que o sistemas e tecnologias em desenvolvimento permitirão aos pequenos produtores iniciarem um plantio em escala comercial, ao mesmo tempo em que permite que produtores que já adquiriam experiência com a palmeira em sistemas extrativistas, possam continuar a explorá-la desse modo, mas de uma forma sustentável, e eventualmente também de maneira intensiva com auxilio de um pacote tecnológico.

Com tudo, os profissionais de pesquisa esperam que os resultados destes projetos possam abrir novas possibilidades para aqueles que têm interesse na espécie. Assessoria de imprensa da Embrapa

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