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Irrigação por gotejamento gera benefícios para canaviais

Nas últimas décadas, com a necessidade mundial de utilizar combustíveis menos agressivos ao meio ambiente, o etanol se destacou como um substituto para os combustíveis fósseis. Com isso, o aumento da produtividade da cana sempre é uma meta a ser batida, pois estima-se que o potencial biológico da cultura pode chegar a 300 toneladas por hectare.

Com essa perspectiva, a tecnologia desenvolvida para os solos arenosos de Israel, há aproximadamente 15 anos, a irrigação por gotejamento para cana chegou ao Brasil. Cerca de 19 mil hectares dos canaviais brasileiros já são irrigados com esse sistema. Segundo os especialistas da área, com o sistema de irrigação por gotejamento é esperado um aumento de até 50% na produção. “Na Bahia temos um caso em que ocorreu um acréscimo de mais de 100%. Antes do sistema, a produção era de 95 toneladas, e hoje, chegou a 200 toneladas”, revela o coordenador agronômico da Netafim, Daniel Pedroso. Outra vantagem da irrigação por gotejamento é o aumento da longevidade do canavial para até 12 anos. Em média, a renovação é realizada entre cinco e seis anos. A expectativa dos profissionais da área é que a vida útil do canavial chegue a 20 anos. “Em Alagoas, por exemplo, já conseguimos a produção de 100 toneladas por hectare em um canavial de 14 anos”, exemplifica o coordenador agronômico.

O professor de Irrigação e Drenagem do Instituto Federal Goiano, o engenheiro agrônomo Marconi Batista Teixeira, é cauteloso e afirma ser necessário mais estudos para verificar a viabilidade do uso do sistema em decorrência da longevidade do canavial e manutenção de boa produtividade ao longo dos anos de cultivo. “Este sistema vem mostrando bons resultados em relação à menor queda de produtividade com o passar dos anos, principal fator que define a época de reforma ou vida útil de um canavial”, explica.

O gotejamento consiste em um sistema formado por mangueiras enterradas junto às fileiras de cana-de-açúcar com gotejadores que aplicam uma lâmina de água suficiente para repor o déficit hídrico da cultura, considerando as condições de clima e solo. Assim, forma-se uma faixa úmida que faz com que as raízes tenham água e nutrientes para seu crescimento.

A irrigação por gotejamento não serve apenas para o envio de água à planta. Também é usada para a aplicação de adubação, produtos químicos, como fungicida, e, mais recentemente, a linhaça. Além de levar nutrientes para a planta, o manejo dos produtos químicos se torna mais seguro.

Quando usar

A irrigação por gotejamento é indicada para usinas que desejam ter um aumento na produtividade da lavoura, independente do tipo do solo. O recomendado para o cultivo da cana-de-açúcar é o gotejamento enterrado, conhecido como Irrigação por Gotejamento Subsuperficial (IGS).

Os tubos são enterrados a aproximadamente 30 centímetros, no meio da linha da cana, entre dois sulcos, fazendo com que um tubo atenda duas linhas da plantação. A implantação da irrigação pode ser feita em dois momentos. O primeiro é na fundação ou na renovação do canavial, quando se abre os sulcos dos tubos na mesma operação do plantio, ou quando o canavial já está estabelecido. Para o professor de Irrigação e Drenagem do IFGoiano, a fita de gotejamento deve ser enterrada no momento de abertura dos sulcos de plantio, pois é necessário fazer um ajuste no arranjo de plantas nas linhas. “Trabalha-se com sistema em forma de fileiras duplas, chamado plantio em “W”, onde uma linha de gotejamento fornece água para atender duas linhas de plantio, sendo o espaçamento mais utilizado 0,4 metro entre linhas duplas por 1,8 metro entre conjunto de linhas duplas, para permitir a colheita mecanizada”, explica.

O agrônomo afirma que esse tipo de irrigação proporciona maior vida útil ao sistema; menor perda de água por evapotranspiração; menor interferência nos tratos culturais; controle de plantas daninhas; disponibilização de água diretamente na profundidade do sistema radicular das plantas e distribuição de fertilizantes diretamente na profundidade efetiva das raízes das plantas.

Para utilizar o processo de irrigação deve ser realizado um estudo semântico do solo da região. Os estudos são realizados geralmente em uma bancada de testes, onde as vazões dos emissores são determinadas por meio da coleta de volumes de água, para as pressões de operação. Com esses dados é possível identificar a demanda diária da planta. “Se a cana consome três milímetros de água, no processo de evapotranspiração a mesma quantidade será reposta”, orienta Daniel Pedroso. O manejo da tecnologia deve ser diário.

Custos

Os valores variam conforme a topografia, a distância da fonte de água, a tecnologia escolhida para o controle do sistema. O custo varia entre R$ 5 mil a R$ 9 mil por hectare, devendo ser considerados manejo do sistema e gastos com energia e mão de obra. Também deve ser considerado como despesa o acompanhamento diário do processo. “Não há necessidade de ser um profissional formado, basta que seja um trabalhador treinado”, afirma Daniel.

De acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), no Brasil, existem cinco métodos de irrigação para a lavoura canavieira. São eles:

• Aspersão (alas móveis): Médio custo de implantação, sistema móvel e adaptável para diversos tipos de topografia, média tecnificação para operar, pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, alto uso de mão de obra, boa uniformidade de aplicação.
• Irrigação por gotejamento (técnica israelense): Alto custo de implantação, sistema fixo, altamente tecnificado, pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, baixo uso de mão de obra, boa uniformidade de aplicação.
• Pivô: Alto custo de implantação, sistema fixo, altamente tecnificado, pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, baixo uso de mão de obra, boa uniformidade de aplicação.
• Carretel: Médio custo de implantação, sistema móvel, média tecnificação para operar, não pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, médio uso de mão de obra, baixa uniformidade de aplicação, sistema muito utilizado para aplicação vinhaça na lavoura.
• Superfície: Baixo custo de implantação, baixa tecnificação para operar, não pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, necessita de topografica favorável e alta disponibilidade de água, boa uniformidade de aplicação.

Canal-Jornal da Bioenergia

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