A safra 2016/2017 começou oficialmente agora em abril. O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) definiu que a safra será o ciclo entre os meses de abril a março. Essa alteração, segundo a Consultoria Datagro, impacta os números da safra.
A moagem da safra 2016/2017, pelas estimativas da Datagro, será de 675 milhões de toneladas em todo o Brasil, sendo que só na Região Centro- Sul, será de 625 milhões toneladas.
Antes da alteração do período da safra, era previsto para essa região 630 toneladas. Para o açúcar, a perspectiva era de 34 milhões toneladas, agora é de 33,8 milhões toneladas. A produção total de etanol também deve ter uma leve reduzida, de 28,24 bilhões de litros para 27,97 bilhões de litros.
As estimativas também consideram um nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) de 130 kg/tonelada e um mix de 57,3% da oferta de matéria-prima para a fabricação de álcool contra 42,7% de açúcar.
Este mix deve-se ao estímulo de consumo em 2015. Apenas em dezembro, o consumo de etanol hidratado (combustível) foi de 1,548 bilhões de litros. Em todo o ano, foi de 17,823 bilhões de litros, um aumento de 37,2% sobre 2014.
Para o presidente da Datagro, Plínio Nastari, devido ao novo critério houve impacto nos resultados na safra 2015/2016, que se encerrou oficialmente no dia 31 de março, o previsto é a produção de 605 toneladas de cana no país. Mas, com o novo critério a safra, chegará a 668,68 toneladas de cana no país, destas, 620 toneladas apenas na região Centro – Sul.
A União da Indústria de Cana de Açúcar (Única) informou que só comenta a safra vigente. Assim, só a partir deste mês de abril irá traçar as perspectivas da safra 2016/ 2017.
Outras estimativas
O Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético e presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás e do Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), André Rocha afirma que até a primeira quinzena de fevereiro, foram produzidas 30,7 milhões de toneladas para a safra 2015/16 em Goiás e foi bem mais alcooleira.
“Para a nova safra que estamos iniciando, acredito que pode haver apenas um pequeno aumento da produção de açúcar, caso os preços continuem melhorando.” O presidente do Sifaeg estima que dificilmente a produção de etanol será menor que 58% do mix da produção.
A consultoria INTL FCStone estima que a moagem da safra 2016/17 deve configurar aumento de 3,2% em relação ao avanço do ciclo atual, para 619 milhões de toneladas.
Devido ao clima relativamente mais seco, com o fim do fenômeno El Ninõ, é esperado que ocorra melhora na concentração de açúcares. A FCStone estima ATR médio de 134,8 Kg/t, 2,6% acima do registrado na safra corrente, mas ainda assim 1,5% abaixo da média das cinco temporadas anteriores.
Para o açúcar, deve ser destinado 42,8% da matéria-prima, o que representaria uma produção e 34 milhões de toneladas do adoçante, 10,8% acima do que foi produzido até momento na safra 2015/16. “Com a alta do dólar e a recuperação nas cotações do açúcar na bolsa de Nova Iorque a partir de setembro passado, o preço do adoçante no mercado internacional (transformado em reais) subiu mais de 40% nos últimos meses em relação ao mesmo período no ano anterior, o que levou muitas usinas a fixarem quantidades maiores das exportações do produto”, explica analista da consultoria, João Paulo Botelho.
Com relação à participação do etanol na produção, parte do aumento da disponibilidade de ATR deve ser destinado à produção de etanol hidratado, com projeção de volume total de 17,6 bilhões de litros do produto, 4,5% a mais do que foi produzido até o momento (no ciclo atual).
Com a situação econômica de recessão pela qual o Brasil passa, é provável que o consumo de combustível ciclo Otto fique praticamente estável ao longo do período. “Com isso, o maior volume de hidratado deve deslocar parte da demanda por gasolina C e, portanto, reduzir a procura por anidro”, avalia Botelho.
Região Nordeste
Para Nastari, a safra da Região Nordeste foi reflexo da seca do ano passado, alcançou 42,3 milhões de toneladas, com queda de 7,3% sobre a safra anterior.
O Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha amplia um pouco os resultados da safra 2015/2016 para 49 milhões de toneladas, que é abaixo das 60 milhões da safra 2014/2015.Para ele, se houver bom clima, A isto é normalidade de índices pluviométricos, a safra 2016/2017 vai alcançar 52 a 55 milhões de toneladas na região. Vale ressaltar que a safra nesta região, tradicionalmente vai de agosto a meados de março ou abril do ano seguinte.
Cunha destaca que o clima foi responsável pela inflexão da safra 2015/2016, com queda de 23% em relação a 2014/2015. A estimativa preliminar é 14 milhões de toneladas na 2016/2017, com 950 mil toneladas de açúcar e 350 milhões de litros de etanol. “Praticamente, vamos repetir os volumes da safra 14/15”, ressalta. Seguindo o Centro-Sul, no Nordeste o mix será mais alcooleiro, com aproximadamente 57% da moagem para a produção de etanol.
A Região Nordeste tem aproximadamente 65 usinas, com 25 mil produtores e 250 mil empregos diretos. Em Pernambuco, são 17 usinas sucroenergéticas em operação, 13 mil produtores de cana e cerca de 60 mil empregos diretos em 50 municípios. Uma boa notícia foi a reativação de três novas usinas apenas no Estado do Pernambuco nos últimos três anos.
Começando a safra
Algumas usinas começaram a safra 2016/2017 em janeiro e fevereiro. Uma delas é a Usina Batatais, no interior de São Paulo. A moagem da safra 2016/2017 é estimada em 4,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. O número representa um aumento de 6% em relação à última safra, em que foram moídas 3,8 milhões de toneladas. A previsão de término da safra é em 18 de dezembro, totalizando 294 dias.
Para a Usina Batatais, o maior volume de chuvas em 2015 contribuiu positivamente para crescimento da cana propiciando o aumento de 4% na produtividade do canavial, que na safra 2015/2016 fechou em 86,8 toneladas por hectare e está estimada em 90,3 toneladas por hectare para a Safra 2016/2017. Nesta safra, o mix de produção da Usina Batatais e a filial Lins, será 48% para açúcar e 52% para etanol. Somente em Batatais, a expectativa é que sejam produzidos 56% de açúcar e 44% de etanol. A Comissão de Cana-de-Açúcar da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) está otimista para 2016. Segundo o presidente da Comissão, Joaquim Sardinha a demanda pela cana-de açúcar está superior ao ano anterior. Mas ele destaca que o produtor ainda deve ter cautela com o valor dos produtos de trato cultural. “Às vezes um fornecedor deixa de investir um dólar na cultura e ganha mais. È importante muito discernimento para não errar no trato cultural”, revela.
O cuidado com o canavial deve ser intenso. A recomendação é que o produtos procure associações e técnicos para monitorar as pragas, além de utilizar a agricultura de precisão, fazer a ambientação adequada do solo e escolher a variedade que o melhor atenda.
Sardinha explica que a principal dificuldade do setor em Goiás e em todo o país é a dificuldade em conseguir crédito. “As instituições financeiras estão retraídas com o setor. Goiás não tem problemas de falta de pagamento, os únicos que existem são antigos, de mais de oito anos, antes do boom canavieiro no Estado”, revela. Hoje, a estimativa da Comissão é que existam no Estado 300 fornecedores de cana-de-açúcar, o destaque é o município de Quirinópolis, com mais de cem fornecedores em uma área de 30 mil hectares de canaviais.
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