Estudo enaltece contribuição do setor para aumento do PIB na Região Centro-Sul

Entre 2000 e 2008, a expansão da produção de cana em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal aumentou em pelo menos mil reais o PIB per capita médio de 2.363 municípios do Centro-Sul. É o que aponta um estudo produzido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e da Universidade Estadual de Londrina (UEL), como o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Cultivo de cana em Ribeirão Preto (ao fundo) gera inúmeros benefícios aos municípios próximosPara o diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, os resultados deste trabalho, cujos dados foram divulgados recentemente em forma de artigo no periódico científico “Internacional Biomass and Bioenergy”, reafirmam o papel do setor sucroenergético para o desenvolvimento socioeconômico regional no Brasil. “Este levantamento traz uma visão abrangente da importância da cana para a geração de empregos e renda a partir de uma indústria que hoje tem influência direta em aproximadamente de 1.000 municípios, ou cerca de 20% do País”, ressalta Sousa.

Segundo ele, o novo estudo da USP também revelou como esta cultura agrícola também impacta, de forma positiva, ao menos 15 localidades ao redor dos municípios onde ficam as usinas, irradiando esse benefício pela região. “São números que poderão ajudar na formulação de novas políticas voltadas à valorização do etanol na matriz energética nacional e, como consequência, ajudando na retomada do crescimento sustentável da nação”, observa o executivo.

De acordo com a pesquisadora do Departamento de Economia, Sociologia e Administração da Esalq/USP, Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, que supervisionou a composição do banco de dados e estimativas apresentadas no estudo, foi essencial expandir essa análise às outras partes do País, contemplando estados menos industrializados em relação à São Paulo, que em 2015 deteve 55% da produção sucroenergética nacional.

“Em um cenário de 10% de aumento da área de cana-de-açúcar, observou-se que o PIB médio per capita cresceu US$ 76. A existência de uma planta de etanol no município eleva o PIB médio per capita no ano de instalação da usina em US$ 1.098, enquanto o das 15 cidades mais próximas têm acréscimo médio de US$ 475”, ressalta a especialista entrevistada pela Agência Fapesp.

Ainda segundo Marcia Moraes, os efeitos positivos da expansão canavieira também são observados ao longo do tempo em pequenas cidades. “Por exemplo, após 10 anos de instalação da planta de açúcar ou de etanol, o aumento no PIB médio per capita é de US$ 1.028 no próprio município e de US$ 324 para os 15 vizinhos mais próximos”, complementou a pesquisadora, autora de importantes estudos sobre a indústria sucroenergética, entre eles o capítulo “Externalidades sociais dos combustíveis” do livro “Etanol e Bioeletricidade – A cana-de-açúcar no futuro da matriz energética”, lançado em 2010 pela UNICA.

Em relação ao trabalho lançado recentemente, apoiado em fontes como o IBGE e o Ministério do Trabalho e Previdência Social, os resultados indicam que de 2000 a 2008 houve, no Centro Sul, um aumento de 199,4% na construção de novas unidades produtoras e um crescimento 2.152,3% nas exportações de açúcar e etanol. Isso significa dizer que no período de oito anos, os dois principais derivados da cana-de-açúcar geraram ganhos cambiais de US$ 38,18 bilhões à balança comercial. De acordo com o levantamento da USP, com base em números divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apesar da crise pós-2009, as exportações do setor sucroenergético renderam U$ 13,7 bilhões ao Brasil em 2013.

 

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