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Mapa de microrganismos da cana: biotecnologia a serviço da sustentabilidade

Por iniciativa de pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp), o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a identificar as mais de 35 mil espécies de bactérias e fungos que habitam todos os tecidos da cana no Brasil. O diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, acredita que este trabalho, divulgado em forma de dois artigos na revista online Scientific Reports, do renomado grupo de publicações científicas Nature, representa um avanço importante em direção à uma produção agrícola cada vez mais sustentável.

“Concluído o mapa do microbioma da cana, agora será possível compreender de forma clara a relação entre a planta e o meio ambiente, especialmente as funções exercidas pelos microrganismos no processo de desenvolvimento da raiz, broto e folhas. É mais uma relevante contribuição para uma agricultura mundial mais produtiva e de baixo carbono, em que o setor sucroenergético brasileiro se destaca como protagonista”, afirma o executivo.

Segundo o professor do departamento de Genética e Evolução do IB-Unicamp, Paulo Arruda, o ineditismo da pesquisa lançará luz sobre o parco conhecimento científico existente a respeito das atividades desempenhas por fungos e bactérias dos vegetais. “Esses milhares de tipos de microrganismos não devem estar contribuindo apenas para a meia dúzia de funções da microbiota da planta que são conhecidas atualmente. Trata-se de uma caixa-preta da biologia a ser desvendada”, explicou o docente em entrevista à Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), nesta quarta-feira (13/07).

Para facilitar o entendimento do projeto realizado pela Unicamp, os resultados do trabalho foram divididos em dois artigos: um sobre o mapeamento dos bacilos que compõem a cana e outro apresentando um método de coleta e cultivo de fungos e bactérias para estudos posteriores mais abrangentes. Os textos são assinados por 19 pesquisadores do Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho em Ciências da Vida (LaCTAD) da universidade paulista.

“Trabalhos que avaliam a diversidade, estrutura e impacto dessa microbiota em culturas de importância econômica ainda são raros. Esses papers trazem uma nova visão do microbioma da cana e de como acessá-lo para desenvolver tecnologias baseadas na associação entre plantas e microrganismos”, ressaltou Paulo Arruda, que também coordena o Centro de Biologia Química de Proteínas (SGC-Unicamp), apoiado pela FAPESP por meio do Programa Parceria para Inovação Tecnológica (PITE).

Financiamento e tecnologia

De acordo com o estudo pioneiro, financiado pela multinacional espanhola Repsol, e que teve colaboração de cientistas do Centro de Biotecnologia de Plantas da Universidade Politécnica de Madri (UPM), com apoio da FAPESP, um exemplar de cana abriga 23.811 tipos de bactérias e 11.727 fungos.

Para o pesquisador do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) da Unicamp, Rafael Soares Correa de Souza, a identificação de 35.538 microrganismos presentes na cana só foi possível graças ao uso de uma tecnologia de última geração, que possibilitou o sequenciamento do DNA de cada espécie.

“Até pouco tempo atrás, por conta das limitações tecnológicas, a pesquisa ficava refém do cultivo de bactérias em laboratório, o que é um trabalho moroso e que resulta numa quantidade muito pequena de amostras”, explicou Rafael. Unica

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