Água é fundamental para a manutenção da vida, seja animal, vegetal ou do ser humano. As plantas conseguem captar água da chuva ou do solo para o desenvolvimento delas, mas no que se refere à agricultura é preciso muito mais do que contar apenas com a natureza. A irrigação é uma alternativa para regar artificialmente as plantações. Segundo o superintendente do Grupo de Irrigação e Fertirrigação (GIFC), Marco Viana, o uso da água e, consequentemente, da irrigação é melhor para o desenvolvimento das plantas e agrega muito valor. Em especial para a cana, que é uma planta de metabolismo alto com fotossíntese intensa.
Para produzir cana-de-açúcar é fundamental ter sol e água . No Brasil, em geral, há uma grande irradiação solar, mas em alguns lugares há falta de água. A irrigação ajuda nesse ponto. “No campo já foi confirmado por meio de experimentos, que a produção pode aumentar até a 60% de açúcar por hectare, dependendo de algumas variáveis com a irrigação”, explica Viana. Mas é importante lembrar que apenas água não atende as necessidades da planta. Assim, é importante repensar em todo o sistema de nutrição da planta para permitir o desenvolvimento da mesma. “Quando se irriga se espera aumento de produtividade e, se há um amento de massa devido à irrigação, é lógico que se deve adequar à nutrição”, explica Viana.
Variações
Para se instalar um sistema de irrigação é imprescindível um projeto que contemple as condições climáticas da região, o sistema de captação e hidráulico. Esse plano diretor deve ter no mínimo três fases: agronômico, hidráulico e análise econômica financeira.
A parte agronômica levanta as informações sobre solo, como déficit hídrico, tipo de solo, manejo da cultura entre outros. O projeto hidráulico verifica de onde será a captação de água e também qual tipo de irrigação é a mais indicada para a cultura e para a área. Já por final, a análise econômica financeira é realizada após a elaboração do plano e permite identificar o ganho que a lâmina terá com a irrigação.
Tipos
Atualmente existem três tipos básicos de irrigação, superficial, localizada e aspersão. A irrigação por superfície e uma das técnicas de irrigação que necessita de muita água, por isso, é menos utilizada. Esse método distribui a água pela gravidade. Entre os benefícios é uma técnica que não está limitada pelos regimes dos ventos, mas é influenciada pela declividade do solo, exigindo o nivelamento da superfície de modo a permitir que a água flua uniformemente pelos canais abertos.
Já a irrigação por aspersão simula uma chuva artificial, no qual o aspersor – que podem ser fixos ou móveis – direciona a água para o ar, que é transformada em pequenas gotas que caem sobre o solo e, depois, é absorvida pela planta. O método é limitado pelo regime dos ventos. A taxa de aplicação da água é controlada pelo sistema e a quantidade é determinada pelas horas de operação.
A irrigação localizada é a mais indicada para o plantio da cana-de-açúcar, que pode ser por gotejamento ou microaspersão. Na cultura da cana-de-açúcar é recomendável a Irrigação por Gotejamento Subsuperficial (IGS), por permitir maiores benefícios quando enterrado – maior tempo de vida útil do sistema; menor perda de água por evapotranspiração; menor interferência nos tratos culturais; controle de plantas daninhas; disponibilização de água diretamente na profundidade efetiva do sistema radicular das plantas; e distribuição de fertilizantes diretamente na profundidade efetiva do sistema radicular das plantas. Esse tipo de irrigação pode economizar até 90% de água se comparado a outras técnicas.
Essa tecnologia não é afetada por regime de ventos, nem por declividade do solo, já que a água e aplicada diretamente no sistema radicular da planta. A taxa de aplicação de água e a quantidade aplicada são controladas pelo sistema.
Irrigação por gotejamento
Segundo o coordenador agronômico da Netafim, Daniel Pedroso, uma grande novidade para o setor o sistema de irrigação inteligente, ou seja, o sistema de irrigação localizada por gotejamento subterrâneo, é o equipamento que permite o controle da irrigação, nutrição, além de monitoramento e manejo a distância da cultura.
“O sistema Fertikit, que permite o controle da nutrição e da irrigação da planta, é composto por um controlador de fácil programação, possibilitando o controle total do sistema de irrigação, como o momento de iniciar a irrigação, a quantidade de água aplicada, qual talhão deve ser irrigado”, explica Pedroso. Além disso, o sistema mantém um histórico atualizado dos dados, o que permite ao gestor avaliar se o que foi programado foi realmente executado ou não. O equipamento também possui uma série de canais de injeção de insumos que aceitam realizar vários tipos de manejo nutricional para a lavoura.
O sistema de monitoramento à distância da Netafim, o Umanage, é composto por sensores. Os sensores de umidade reconhecem os dados no campo de produção e enviam o sinal para a antena transmissora, que por sua vez direciona os dados na “nuvem” e, com um programa no computador ou até mesmo um aplicativo no celular ou no tablete, o irrigante tem acesso total aos dados originários do campo em tempo real e mesmo a quilômetros de distância. “Por meio do sistema, o irrigante pode tomar um decisão relacionado ao manejo de irrigação daquela área”, pontua Pedroso.
Daniel explica que o sistema inteligente e uniforme de irrigação permite economia de água e energia elétrica, de aproximadamente 40% a 30%, respectivamente. “É constatado nas usinas um grande aumento de produtividade – toneladas de cana produzida por hectares plantado – e aumento na longevidade dos canaviais. Somente esses fatores são mais econômicos às usinas, quanto mais se produz por unidade de área, há redução no custo da mão de obra, no arrendamento de novas terras, além de redução no custo de colheita e do transporte de cana até a indústria”, pontua.
O sistema também aceita a nutrirrigação, que é aplicar a quantidade de nutrientes quando e o quanto a planta, permitindo uma redução no custo de aplicação de fertilizantes e até mesmo de químicos, como inseticidas, nematicidas. “E isso está impactando na redução no custo de produção da tonelada de cana de açúcar. Ou seja, irrigar por gotejamento, utilizando todas as suas características, está deixando a cana mais barata para as usinas”, finaliza Pedroso.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia