O investimento na produção do biodiesel em larga escala foi tema da audiência pública realizada pela Comissão Mista de Mudanças Climáticas na terça-feira (8). Setores envolvidos e representantes do Ministério de Minas e Energia e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontaram desafios e ações para impulsionar a produção de combustível sustentável.
Considerado o combustível do futuro, o biodiesel é um dos biocombustíveis que ainda representa uma pequena parte da matriz energética brasileira e apenas 3% dos combustíveis utilizados no país. Na visão de especialistas e representantes do governo ouvidos pela comissão, para torná-los atrativos e competitivos, os biocombustíveis precisam de apoio do setor público e privado.
O diretor da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene, Donizete Tokarski, lembrou que já é lei o aumento do percentual de biodiesel ao óleo diesel. Ele disse que o transporte público já pode utilizar esse tipo de combustível menos poluente.
— Nós já temos outra possibilidade do uso, além do uso obrigatório, que é o usos facultativo. E é importante que os empresários que têm ponto de abastecimento das suas frotas, possam usar 20% ou 30% de mistura. Nós estamos fazendo uma campanha para que as cidades acima de 500 mil habitantes imediatamente adotem 20% nas suas frotas para melhorar a qualidade de vida – disse Tokarski.
Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas realiza audiência pública para discutir sobre a contribuição dos biocombustíveis no cumprimento das metas brasileiras estabelecidas na iNDC – foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Na visão do chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, os benefícios dos biocombustíveis já são sentidos pelo país desde o início da comercialização do etanol, mas o setor precisa de reforço em investimentos para tecnologia e novos estudos, além de planejamento e logística adequados entre as regiões do país.
— As nossas usinas deverão se modernizar. Elas hoje se baseiam em poucas matérias primas, com poucos processos pra produzir poucos produtos. Nós estamos trabalhando no desenvolvimento de ferramentas para que possamos ampliar o uso de biomassas, trazer rotas biológicas e insumos que possam converter essas biomassas em múltiplos produtos de valor agregado — afirmou Capdeville.
A pesquisadora da Rede Clima, Samya Pinheiro, chamou atenção para a necessidade de substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis e ressaltou o alto impacto da poluição na saúde das pessoas. O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Márcio Felix Carvalho Bezerra, anunciou o novo programa do governo federal para estimular a produção de biocombustíveis no país, o Renova Bio 2030 em parceria com entidades ligadas ao setor, que estará sob consulta pública no primeiro semestre do ano que vem.
O relator da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, senador Fernando Bezerra (PSB-PE) afirmou que é preciso criar uma nova economia.
— Uma economia sem carbono, ou quase sem carbono, ou com menos carbono e que evidentemente vai mexer com os argumentos para o desenvolvimento dos novos negócios, para que os novos mecanismos de mercado possam ajudar a vencer esse desafio — completou.
O Brasil vai apresentar o novo programa de estímulo aos biocombustíveis durante a 22ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP 22, que ocorre até o dia 18 de novembro em Marrakech.
Agência Senado