A adoção de novas variedades genéticas no plantio de cana-de-açúcar significa a incorporação de ganhos na grande lavoura, gerando uma canavicultura mais sustentável. Para verificar a dimensão das variedades na região Centro-Sul do Brasil, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Censo Varietal, por meio do Instituto Agronômico (IAC), identificou quais são as variedades de cana cultivadas em 6,1 milhões de hectares na região O Censo Varietal IAC, feito pelo Programa Cana IAC, é o maior censo de variedades de cana-de-açúcar do Brasil.
O objetivo do trabalho é mostrar para as empresas os riscos biológicos existentes na concentração varietal e também estimular os produtores a adotarem novas tecnologias de variedades.
O resultado mostrou que a variedade predominante na região Centro-Sul é a RB867515, com 27% de ocupação. Essa variedade desenvolvida pela Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), foi lançada no final da década de 90 e desenvolvida, portanto, no período pré-mecanização de colheita e de plantio.
Para o coordenador do Programa Cana IAC, Marcos Landell, um dos grandes benefícios de se utilizar de um plantel varietal amplo, evitando a concentração de uma mesma variedade, é a segurança biológica que é conferida a lavoura, impede-se assim, grandes danos no caso do surgimento de uma nova doença que comprometa uma variedade cultivada em áreas expressivas.
O levantamento identificou que conforme novas variedades surgem no mercado, a RB867515 perde espaço, o que significa que a diversificação genética e materiais mais modernos estão entrando nos campos. A área plantada com a RB867515 apresenta queda de 11%.
Segundo o censo, a segunda variedade mais cultivada e colhida é a RB966928, também da Ridesa, que reúne 9% da área no Centro-Sul e teve 4% do aumento do plantio durante o levantamento.
O estudo identificou que certas regiões possuem as maiores concentrações de variedades, com destaque o oeste paulista, na região de Araçatuba a RB867515 ocupa 35,9% dos 859 mil hectares recenseados.
Já no Paraná a concentração desta variedade é de 44,3% do total de 554 mil hectares. Dos 134 mil hectares avaliados no Mato Grosso, a região com maior concentração de cultivo, 49,8% desta área são com a RB867515.
De acordo com coordenador do Programa, os estudos indicam que as variedades mais modernas produzem mais por hectare – em torno de 15 toneladas. “O produtor está perdendo oportunidade de incorporar uma variedade moderna; identificar opções para incrementar a produtividade significa caminhar em direção à cana de três dígitos”, afirmou o pesquisador, referindo-se aos materiais que possam produzir a partir de 100 toneladas por hectares.
Intenção de plantio
O estudo do IAC também levantou as intenções de plantio para este ano em 517 mil hectares. Foi identificado que as áreas de Ribeirão Preto, Piracicaba e de Goiás têm boa condição de diversidade genética.
Algumas variedades apresentaram queda na intenção de plantio, como a RB867515 se destacou com 16,6% da intenção de plantio, o índice é menor do que em anos anteriores, quando chegou a 25%. Para o pesquisador do IAC, há um aumento do interesse de cultivar materiais mais modernos. As variedades do CTC tiveram incremento na intenção de plantio, que passou de 23,2% para 27,3%.
As variedades do IAC apresentaram aumento na intenção de plantio, passando de 5,4%, em 2015/16, para 7,4%, em 2016/17, que significa um salto de 37% na intenção de plantio de variedades do Instituto Agronômico. “Atualmente, 3% das variedades cultivadas no Centro Sul são do IAC.
As nossas variedades têm maior presença no Estado de Goiás, onde o Instituto tem forte atuação desde o ano 1995”, pontua. A CTC4, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), tem 11,4% das intenções, a IACSP95- 5000 tem 2,7% e a IAC91-1099, 2,6%. Por exemplo, em 51 mil hectares em Ribeirão Preto, variedade CTC4 deverá ocupar 10,8%; a RB 855156, 10,4%; a RB966928, 10,1%; a IAC91-1099, 4,4% e a IACSP95-5000, 2,8%.
A IAC91-1099 tem 10,8% da intenção de plantio em Goiás, Mato Grosso e Tocantins; 4,4% em Ribeirão Preto e 4% em Minas Gerais e Espírito Santo. A IACSP95-5094 aparece na intenção de plantio em 3,6% da área de Jaú, interior paulista, e de 2,4% de Goiás, Mato Grosso e Tocantins.
Considerando toda a área destes três Estados, no total de 45 mil hectares, as intenções para o próximo ano são: 16% para a RB 867515, 16,2% para a CTC4 e 10,8% para a IAC91-1099, o que revela maior diversidade.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia