Na busca incansável de manter ou aumentar a competitividade, as empresas têm se debruçado sobre projetos futuros e estruturas atuais, no intuito de identificar oportunidades de otimização de suas operações, tornando-as mais seguras, ecologicamente corretas e com melhor gestão e controle de seus custos.
Dentre os potenciais alvos de atuação, a busca de melhor eficiência energética tem ganhado notoriedade em diversos segmentos da economia. Isso porque uma escolha equivocada do conceito, configuração ou projeto de gestão energética pode elevar sobremaneira os custos da empresa e até mesmo mudar seu patamar competitivo.
Um dos grandes desafios encontrados pelos profissionais e gestores de energia das empresas refere-se à especificação dos equipamentos que mais se adequam à realidade da empresa. Estes profissionais já possuem clara noção das fontes disponíveis: energia hidráulica, térmica, eólica, solar, dentre outras. Uma vez definida a fonte energética, normalmente, as dúvidas giram em torno de qual solução a ser utilizada, qual é a potência do sistema para atender a carga (lembrando que esta carga pode se elevar ao longo de poucos anos), qual é o tempo de retorno sobre o investimento realizado (payback) para a aquisição da fonte alternativa de energia, qual será a aplicação (fonte única, emergência – standby, atendimento do horário de ponta – prime, etc.
A experiência nos remete à crença de que os geradores de energia se apresentam como uma das principais opções como fontes alternativas às concessionárias de energia elétrica. E, quando estamos falando de geradores de energia, uma dúvida bastante recorrentecostuma ser entre a escolha de um gerador a diesel ou um gerador a gás. Qual é a melhor opção? Quais são as vantagens e desvantagens de cada modelo? Quais são os critérios a serem considerados no momento da escolha? Qual é a relevância de cada um destes critérios?
De fato, o perfil da operação na qual o gerador irá atender deve ser o quesito preponderante para escolha entre uma opção ou outra. A primeira consideração é que, na verdade, não existe o “melhor gerador”. O que existe é o gerador “certo” para a aplicação “certa”. Ou seja, são as peculiaridades da demanda de cada empresa é que irão definir sua melhor alternativa energética.
É falaciosa a afirmativa de que este ou aquele modelo de gerador é a melhor opção, sem uma análise profunda e criteriosa do contexto atual e futuro da empresa. Soaria estranho dizerque o gerador a gás se configura como a melhor opção se, por exemplo, não existir uma rede de alimentação de gás disponível para a empresa. Por outro lado, não podemos afirmar que o gerador a diesel é a melhor alternativa se, por exemplo, o índice de emissão de poluentes é um fator muito relevante no projeto.
O que acreditamos é que os geradores a diesel e os geradores a gás não são produtos concorrentes entre si. São produtos complementares de um portfólio de soluções disponíveis. Por isso, tem trabalhado junto aos projetistas e empresas ligadas à gestão da eficiência energética no intuito de apresentar, de forma consultiva, todos os critérios a serem analisados e o grau de relevância de cada um durante o processo de escolha entre um gerador a diesel ou um gerador a gás.
Visando dar subsídios aos projetistas e profissionais que lidam com este tipo de estudo, apresentamos a seguir uma tabela com diferentes critérios a serem considerados durante o processo de análise e escolha da opção mais adequada.
Nossa sugestão é que tais quesitos sejam considerados, cabendo ao profissional envolvido no processo técnico de especificação e escolha das opções, atribuir, baseado na respectiva realidade de sua empresa e do projeto, os níveis de relevância de cada quesito, para balizar sua escolha.
Sem a pretensão de ter este roteiro como definitivo, acreditamos que esta simples ferramenta possa minimizar os riscos de que relevantes quesitos sejam esquecidos ou negligenciados durante a seguinte indagação: gerador a diesel ou gerador a gás?
MATRIZ DE AVALIAÇÃO E ESCOLHA DE GRUPOS GERADORES
CRITÉRIO A SER AVALIADO
EQUIPAMENTO EM VANTAGEM
RELEVÂNCIA
(ALTA=3, MÉDIA=2, BAIXA=1)*
Vulnerabilidade às oscilações de preços do petróleo
GERADOR A GÁS
Emissão de Poluentes
GERADOR A GÁS
Custo operacional (OPEX)
GERADOR A GÁS
Necessidade de Armazenamento de Combustível (espaço físico e custos)
GERADOR A GÁS
Eficiência da usina com geração térmica e elétrica (cogeração)
GERADOR A GÁS
Vida útil antes daprimeira reforma geral (overhaul)
GERADOR A GÁS
Facilidade de obtenção de licença ambiental
GERADOR A GÁS
Viabilidade para aplicação como fonte única (24 horas por dia)
GERADOR A GÁS
Longevidade do equipamento
GERADOR A GÁS
Não requer a disponibilidade de rede de gás
GERADOR DIESEL
Tamanho do equipamento
GERADOR DIESEL
Investimento inicial (CAPEX)
GERADOR DIESEL
Viabilidade para aplicação em horário de ponta
GERADOR DIESEL
Investimento em instalações
GERADOR DIESEL
Peso do equipamento
GERADOR DIESEL
Disponibilidade de técnicos de manutenção qualificados
GERADOR DIESEL
Opções de fornecedores de combustível
GERADOR DIESEL
Disponibilidade de modelos de geradores de várias potências
GERADOR DIESEL
Confiabilidade do equipamento
SIMILAR
Tecnologia embarcada
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Segurança operacional
SIMILAR
Qualidade do equipamento
SIMILAR
* Peso da relevância a ser atribuído pelo profissional durante a análise
Carlos Henrique de Paula é Gerente Geral da Divisão de Power Generation da DCML – Distribuidora da Cummins, maior fabricante de motores e geradores a diesel e geradores a gás do mercado mundial.