O Brasil tem muita luz do Sol à sua disposição, mas durante muito tempo gerar energia a partir da radiação solar parecia algo futurista e muito caro. A crise hídrica mais severa da história está secando os reservatórios das principais hidrelétricas na maior parte do país, levando a energia elétrica a preços recordes – aumento de 20% nos últimos 12 meses. A crise também está acelerando uma clara tendência: cada vez mais empresas e até consumidores residenciais fazem as contas para saber se as placas solares valem a pena.
Na última década, o preço da energia solar despencou em todo o mundo, e muitas empresas brasileiras começaram a enxergar nas placas solares uma forma de economizar na conta de energia.
Em 2018, o Mercado Municipal do Rio de Janeiro (Cadeg), localizado em Benfica, instalou 5 mil placas solares em seu telhado, consolidando o que ainda hoje é considerado o maior projeto de energia solar para mercados públicos do mundo. A expectativa é de que as placas ajudem o mercado a economizar até R$ 4 milhões na conta de luz. No ano passado, o Mercadão de Madureira, também no Rio de Janeiro, instalou 1500 placas e agora só perde para o Cadeg em tamanho de instalações deste tipo.
Apesar da energia solar estar se expandindo rapidamente no país – cresceu 68% em 2020, durante a pandemia -, ela ainda corresponde a apenas 2% da matriz elétrica nacional. Uma das razões é que o custo de instalação da energia solar distribuída (aquela que vai diretamente no telhado da casa ou empresa onde será usada) ainda é muito alto no Brasil comparado à renda média da população. E segundo o Portal Solar, este preço aumentou nos últimos meses devido à instabilidade do dólar.
Uma casa pequena, com poucos moradores e baixo consumo (conta de até R$ 150) gastaria em média R$15 mil para ter as placas solares. Se há mais moradores na casa e o consumo é alto – por exemplo, contas de R$ 500 – o investimento pode chegar a R$30 mil. As estimativas são do Portal Solar e são compatíveis com as informações de outros analistas deste mercado.
Apesar de ainda não ser tão barata, para uma parte da classe média e para pequenas empresas e condomínios, os valores atuais já começam a ficar competitivos. E não é apenas o preço da energia que está motivando a procura – gerar a própria eletricidade garante segurança energética em tempos de risco de apagão.
Modelos e indicações
Há dois modelos básicos de energia solar:
- Fotovoltaica
quando a energia da radiação solar é armazenada em células fotovoltaicas dos painéis solares e convertida em eletricidade para uso doméstico – iluminação, alarmes e eletrodomésticos em geral
- Térmica
usada para aquecer a água do banho ou acionar sistemas de refrigeração.
Outra diferença é se o sistema solar é isolado ou conectado à rede. O sistema isolado (off-grid) pode ser utilizado em locais remotos (comunidades caiçaras, indígenas, ilhas e áreas alagadas distantes de estradas), onde os custos para se conectar a uma rede elétrica podem ser elevados demais. Já o sistema conectado à rede, como o nome já diz, pode ser instalado em residências e locais que já possuem rede elétrica, para substituir ou complementar o consumo de energia.
Faça as contas
Se você está interessado em produzir sua própria energia elétrica a partir da luz do Sol, há detalhes que podem fazer muita diferença no custo de instalação:
Projeto: uma empresa especializada pode dizer quantos painéis serão necessários para a sua necessidade elétrica. Por isso dê bastante atenção à etapa de planejamento.
Telhado: altura e condições de acesso ao telhado fazem toda a diferença no custo de instalação. Locais altos e/ou de difícil acesso oferecem mais risco aos profissionais e por isso exigem mais medidas de segurança e equipamentos. Talhas de alvenaria e telhados inclinados também cobram mais habilidade dos instaladores. Coberturas metálicas e lajes de concreto são em geral locais de fácil instalação.
Condições do imóvel: telhados com problemas estruturais e de infiltração exigirão uma reforma anterior à instalação, com impacto para o custo total;
Distância até o ponto de conexão: quanto mais perto as instalações dos painéis estiverem do quadro de luz, menor será o uso de cabos e conduítes, barateando os custos dos materiais e da própria instalação;
Adequação: imóveis mais antigos podem não ter instalações elétricas que atendam às orientações das operadoras de energia. A instalação dos painéis solares exige esta adequação, e o custo disso deve ser incluído no planejamento.
O Portal Solar oferece uma calculadora para estimar o custo de sua instalação fotovoltaica. (Cinthia Leone/ Climainfo)