A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) concluiu no último sábado (5/10) a 2ª edição do Programa Internacional de Descarbonização no Setor de Resíduos BR-EUA, realizado entre 28 de setembro e 05 de outubro, nos Estados Unidos. Entre os principais compromissos, a delegação brasileira, que contou com a presença do presidente da ABREN, Yuri Schmitke, e da senadora Rosana Martinelli (PL-MT), entre outros participantes, participou de visita a uma usina de recuperação energética de resíduos (waste-to-energy) em Weset Palm Beach, na Flórida, do Congresso bianual do WtERT®️ e de reuniões com representantes da UNEP/ONU, Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Na segunda-feira (30), a delegação brasileira visitou a usina Waste-to-Energy em West Palm Beach. A usina se destaca por utilizar resíduos sólidos para gerar energia, contribuindo diretamente para os esforços de descarbonização no setor de resíduos. A usina, que conta com tecnologia da empresa associada da ABREN, Babcock & Wilcox Renewable, trata 5 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia e tem capacidade para suprir 150 mil casas. A planta recebeu investimento de 700 milhões de dólares e é considerada uma das usinas com o melhor sistema de tratamento de emissões atmosféricas do mundo.
Na terça-feira (1º) a comitiva participou de reunião com Ligia Noronha, Secretária-Geral Adjunta das Nações Unidas e Chefe do Escritório de Nova York do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e de reunião com o embaixador Norberto Moretti, representante permanente alterno do Brasil junto à ONU. As discussões giraram em torno dos benefícios do biogás, biometano e da recuperação energética para reduzir as emissões de metano, inclusive como solução mais sustentável do que os aterros, em especial pela elevada capacidade de redução das emissões de metano quando comparado com outras soluções.
Na mesma data, a delegação participou de palestra do Presidente do WtERT, Prof. Huang Qunxing, na Universidade de Columbia, com discussões sobre o enorme potencial do waste-to-energy e do rápido crescimento da China neste seguimento, que hoje conta com tecnologia própria, patentes e mais de 1.000 usinas em operação comercial.
Na quinta-feira a delegação participou do Congresso Bianual do WtERT, na The City College of New York. O Presidente Executivo da ABREN fez uma apresentação ao público presente sobre o potencial das usinas de waste-to-energy para reduzir as emissões de metano, com destaque para o Brasil. De acordo com o executivo, “o país tem potencial para construir até 130 usinas de recuperação energética de resíduos (UREs), porém ainda não temos nenhuma usina dessa natureza em operação, há somente uma em fase de construção com previsão de entrar em funcionamento em janeiro 2027”.
Já na sexta-feira (4), a delegação participou de reuniões em Washington com representantes do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com a presença também de representantes da Embaixada do Brasil em Washington. Nos dois compromissos, a ABREN apresentou todo o potencial da recuperação energética de resíduos no Brasil, bem como do biogás e do biometano, de forma que o país tenha condições de tratar os seus resíduos sólidos urbanos e da agropecuária e angariar investimentos da ordem de R$ 500 bilhões nos próximos anos.
A associação apresentou, ainda, dados que mostram que é necessário avançar nesta agenda para reduzir as mortes causadas em decorrência da má gestão do lixo no Brasil. Os custos com a saúde pública no país poderiam cair drasticamente a partir do tratamento correto dos resíduos sólidos, conforme destacou a ABREN.
De acordo com a senadora Rosana Martinelli, “os debates e as reuniões em que participamos foram de grande importância para que possamos levar ao Brasil a possibilidade de avançar na questão da gestão de resíduos sólidos a partir da recuperação energética. Precisamos avançar nas tecnologias que contribuem para a redução do gás metano, e as conversas que tivemos foram importantes para possibilidades futuras de parcerias”.
Para Yuri Schmitke, “a missão realizada nos Estados Unidos foi excelente. Pudemos participar de compromissos muito importantes, com diversos órgãos internacionais, e voltamos para o Brasil com o sentimento de dever cumprido. Aproveito para agradecer à senadora Rosana Martinelli por ter liderado essa missão conosco, com o objetivo de trazer investimentos para o Brasil para a geração de energia através de resíduos, o que irá contribuir grandemente para a descarbonização do país”.
Sobre o Programa Internacional de Descarbonização no Setor de Resíduos BR-EUA
A 2ª edição do Programa Internacional de Descarbonização no Setor de Resíduos BR-EUA é uma realização da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN). O programa tem como objetivo promover a cooperação entre Brasil e Estados Unidos no campo da recuperação energética e do gerenciamento sustentável de resíduos.
Parte significativa das emissões globais de gases de efeito estufa provêm do metano. No Brasil, 90% das emissões desse gás têm origem no setor agropecuário e nos aterros sanitários. Desta forma, gerar energia a partir dos resíduos evita essas emissões de forma parcial ou total, o que é fundamental para que o país alcance as metas do Global Methane Pledge até 2030. O programa também destaca a importância de projetos de biogás e biometano, que podem capturar e utilizar o metano, mitigando seu impacto climático e promovendo a recuperação energética, eliminando por completo as emissões de metano provenientes de resíduos sólidos urbanos e da agropecuária.
Durante a COP26, realizada em 2021, o Brasil assinou o Global Methane Pledge, comprometendo-se a reduzir em 30% suas emissões de metano até 2030, em relação aos níveis de 2020. Para alcançar essa meta, será necessário reduzir cerca de 605 mil toneladas de metano até 2030, o que exige que o setor de resíduos sólidos atinja um limite máximo de emissões de 1,41 milhão de toneladas de metano até essa data. No entanto, dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) mostram que as emissões de metano no Brasil aumentaram significativamente nos últimos anos, com o setor de “Disposição Final de Resíduos” apresentando o maior crescimento absoluto e relativo: 52% nos últimos 15 anos (2005-2020).
O programa também possui um enfoque especial na recuperação de energia a partir de resíduos como uma fonte viável de eletricidade. Com a participação no Congresso Bianual do WtERT na City College University, e palestra especial com o Presidente do WtERT na Columbia Climate Centre, em Nova York, a comitiva brasileira participou das discussões sobre como essas tecnologias podem ser aplicadas em maior escala no Brasil, alinhando-se com as práticas internacionais de gestão de resíduos.
A agenda incluiu ainda palestras e debates sobre como a conversão de resíduos pode não apenas reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mas também gerar eletricidade suficiente para abastecer comunidades inteiras, fortalecendo a segurança energética.
Esses compromissos são estratégicos para garantir o apoio técnico e financeiro necessário para que o Brasil continue avançando no desenvolvimento de tecnologias de recuperação energética de resíduos, contribuindo tanto para o cumprimento das metas climáticas do país quanto para a geração de novos postos de trabalho e o crescimento sustentável da economia.
Sobre o WtERT®
O Global Waste to Energy Research and Technology Council (WtERT®), fundado em 2002 pela Universidade de Columbia, é uma associação global sem fins lucrativos dedicada à pesquisa de tecnologias de conversão de resíduos em energia (WtE). Com membros de 30 países, incluindo engenheiros, cientistas, governos e academia, o WtERT® se destaca por promover o avanço econômico e ambiental das tecnologias de WtE. A organização tem uma forte presença em fóruns globais de formulação de políticas, compartilhando conhecimentos sobre práticas sustentáveis, como reciclagem, compostagem e geração de energia a partir de resíduos. O WtERT® também foi reconhecido por sua contribuição para a ciência e tecnologia, participando de iniciativas importantes, como a elaboração da seção de Gestão de Resíduos do Relatório de Avaliação de 2015 do IPCC, e colaborando com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na criação de um guia sobre Gestão Sustentável de Resíduos para cidades da América Latina e do Caribe.
Sobre a ABREN:
A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) é uma entidade nacional, sem fins lucrativos, que tem como missão promover a interlocução entre a iniciativa privada e as instituições públicas, nas esferas nacional e internacional, e em todos os níveis governamentais. A ABREN representa empresas, consultores e fabricantes de equipamentos de recuperação energética, reciclagem e logística reversa de resíduos sólidos, com o objetivo de promover estudos, pesquisas, eventos e buscar por soluções legais e regulatórias para o desenvolvimento de uma indústria sustentável e integrada de tratamento de resíduos sólidos no Brasil.
A ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (Global WtERT), instituição de tecnologia e pesquisa proeminente que atua em diversos países, com sede na cidade de Nova York, Estados Unidos, tendo por objetivo promover as melhores práticas de gestão de resíduos por meio da recuperação energética e da reciclagem. O Presidente Executivo da ABREN, Yuri Schmitke, é o atual Vice-Presidente LATAM do Global WtERT e Presidente do WtERT – Brasil. Conheça mais detalhes sobre a ABREN acessando o site, Linkedin, Facebook, Instagram e YouTube da associação. (Assessoria Abren)