A elevação da mistura de etanol à gasolina de 10% para 12% (E12) na Argentina é mais uma demonstração da importância estratégica deste biocombustível no cenário internacional. Indutor de desenvolvimento econômico e forte redutor de emissões de CO2, um dos principais causadores do aquecimento global, o etanol cada vez mais se credencia para se transformar em uma commodity global. Mesmo que isso ocorra no médio e longo prazos, o diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa acredita que a medida anunciada em fevereiro (05/02) pelo governo do presidente Maurício Macri é uma contribuição significativa nesta direção.
“As condições fundamentais para que o etanol possa se tornar efetivamente uma commodity global são a criação de programas nacionais de bicombustíveis, normalmente a partir do estabelecimento de misturas obrigatórias do etanol na gasolina, e a eliminação de barreiras técnicas ou tarifárias. Com isso, de um lado, cria-se a demanda, e de outro, abre-se a possibilidade do livre comércio entre os países, aumentado a segurança energética do sistema. Não é um processo que se dará do dia para a noite, mas com um número cada vez maior de países consumindo e produzindo o produto, naturalmente ocorrerá”, explica o executivo da UNICA.
De acordo com uma publicação lançada em janeiro de 2016 pela Biofuels Digest, newsletter americana dedicada ao segmento de energias renováveis, 64 países possuem mandados ou programas de biocombustíveis em andamento; Américas (13), Europa (28), Ásia-Pacífico (12), África e Oceano Índico (11).
Producción
Com o objetivo dar maior impulso a sua indústria de etanol carburante, a Argentina promoveu, em 2010, a mistura de 5% do biocombustível à gasolina, a chamada E5. Nos anos seguintes, após o sucesso da iniciativa, elevou gradativamente o percentual, até atingir em dezembro de 2014 a E10. A medida, segundo dados do governo argentino, trouxe enormes ganhos para a economia do país.
Além de incentivar o agronegócio local, aumentando produção interna de cana-de-açúcar e milho, matérias-primas utilizadas na fabricação doméstica do biocombustível, a medida permitiu, em 2015, uma redução do déficit na balança comercial de aproximadamente US$ 13 bilhões com a diminuição da importação de gasolina. Agora, com a E12, a expectativa é gerar ainda mais alívio aos cofres argentinos.
De acordo com dados fornecidos pela embaixada brasileira em Buenos Aires, este acréscimo de 2% de etanol na nova mistura resultará em um volume adicional de 160 milhões de litros do biocombustível por ano. Com isso, as 23 usinas existentes no país, das quais 11 são canavieiras, deverão produzir 960 milhões de litros em 2016. Embora não haja dados oficiais, estima-se que a área de cultivo de cana e de milho destinada ao etanol carburante seja de aproximadamente 7 milhões de hectares. Unica