O emprego de variedades mais novas de cana-de-açúcar podem incrementar o rendimento da lavoura e permite ganhos de 2 toneladas de açúcar por hectare. É o que mostra pesquisa do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), com base na sua Plataforma de Benchmarking, que tem mais de 175 usinas participantes e representa 80% da moagem da região Centro-Sul.
“Novas variedades apresentam ganhos significativos em produtividade, resultando em maior produção de toneladas de açúcar por hectare. Isso se deve ao aprimoramento contínuo no desenvolvimento genético, que aumenta o rendimento agrícola”, diz Luciana Castellani, gerente de Melhoramento Genético do CTC.
Segundo os técnicos do CTC, um dos fatores que impulsiona o ganho genético é a redução do ciclo de recorrência de novos genitores, que representa um avanço significativo no contexto do melhoramento genético.
“Essa redução nos permite capturar maiores níveis de ganhos genéticos, de forma acelerada, atender rapidamente às demandas do mercado e desafios ambientais, assim como, assegurar a constante introdução de genitores de melhores performances e adaptados a diferentes condições edafoclimáticas”, diz a gerente de Melhoramento Genético do CTC.
Segundo ela, variedades mais recentes são mais adaptadas para enfrentar desafios específicos, como mudanças climáticas, pragas e doenças. “Elas foram submetidas a processos de seleção mais moderno”s e alinhados com a demanda de mercado atual. Isso significa que, ao adotar essas variedades, os produtores têm uma maior chance de sucesso frente aos desafios”, diz Castellani.
Manejo
Adotar novas variedades é, portanto, um passo estratégico para os produtores que buscam maximizar a eficiência e a rentabilidade de suas operações agrícolas, além de se prepararem para os desafios futuros do setor.
Mas, além disso é preciso alocar as variedades corretamente, respeitando o manejo tanto de época de colheita como o potencial produtivo do local em que elas serão cultivadas, que tecnicamente é chamado de ambiente de produção edafoclimático.
“Isso vai garantir a maximização da produtividade dos canaviais”, diz Ricardo Neme, gerente de Marketing do CTC.
Com base nos dados do Benchmarking Varietal do CTC, o simples fato de manejar corretamente as variedades, seguindo as bulas sugeridas pelos Programas de Melhoramento Genético, vai proporcionar incremento de 14% ou 1,2 toneladas de açúcar a mais por hectare.
A biotecnologia também é grande aliada para o manejo varietal. Neme explica que “as variedades Bt, resistentes à broca-da-cana, protegem a produtividade principalmente em áreas de difícil manejo, mais suscetíveis à praga”.
A pesquisa do CTC mostra ainda que variedades desenvolvidas depois dos anos 2000 têm performance 20,6% superior frente a variedades desenvolvidas na década de 1980 em Tonelada de Açúcar por Hectare (TAH/ha). A análise tem como base as safras de 2021/22 a 2023/24.
Variedades elite (lançamentos mais recentes do CTC) têm performance 36,6% superiores às desenvolvidas na década de 1980 em Toneladas de Açúcares Totais Recuperáveis por Hectare (ATR/ha). A análise tem por base a safra 2023/24.
Esses números e ganhos vão além da comparação pontual entre as safras, quando considerados a adoção e colaboração desse produto no fluxo de caixa do produtor/usina.
Exemplificando o caso de uma variedade e seu primeiro ciclo de 5 anos na área de cultivo de um produtor/usina, a escolha de uma cultivar mais moderna gera um lucro bruto adicional de R$ 3 milhões ou 37% a mais em comparação a escolha de uma variedade da década de 1980. Esse é o benefício da escolha mais produtiva.
Quando se acelera a introdução dessa variedade, de 5 ha para 10 ha, o lucro bruto adicional no ciclo é de R$ 6 milhões ou 44% a mais. Esse é o benefício financeiro da aceleração e antecipação da maior rentabilidade dessa variedade nos primeiros cinco anos de seu ciclo. CTC