O diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO) Julio Minelli participou na quinta (19/11) de mais uma reunião da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade da Câmara de Vereadores de São Paulo. O encontro teve como pauta a licitação para renovação da frota de ônibus dos transportes públicos da cidade, com concessão pelos próximos 20 anos.
Presidida pelo vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Frente, e seu vice-presidente, vereador Ricardo Young (PPS), a reunião atraiu uma série de representantes da sociedade civil organizada como a Associação de Veículos Elétricos, Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus de São Paulo, e Greenpeace.
Todos cobraram do poder público municipal o cumprimento da Lei 14.933/2009 que prevê a redução progressiva do uso dos combustíveis fósseis e a utilização, em 2018, de combustível renovável por todos os ônibus do sistema de transporte público de São Paulo. O edital da licitação não contempla explicitamente este ponto, embora previsto na Lei.
Em sua manifestação, o diretor da APROBIO lembrou que a indústria nacional de biodiesel deve fechar o ano com cerca de 4 bilhões de litros produzidos para atender a mistura obrigatória de 7%, mas tem capacidade para produzir mais de 7 bilhões. “Portanto, há como expandir a produção para atender o cumprimento da lei na cidade de São Paulo, bem como em outras regiões metropolitanas”.
Minelli lembrou a participação da Associação na última reunião da Frente, realizada em agosto deste ano, e ressaltou sua preocupação com a apresentação do SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo) que descartou totalmente o uso do biodiesel como alternativa para cumprimento da lei.
Depois daquele encontro a APROBIO tentou uma audiência com o secretário de transportes Jilmar Tatto (PT) que indicou o superintendente da SPTrans, João Carlos Fagundes, para a reunião. Antes disso, a Associação teve uma agenda com o SPUrbanuss para tratar da inserção do biodiesel na frota municipal de coletivos, quando foi exposta uma série de argumentos contrários, sobretudo a falta de disponibilidade de equipamentos para seus veículos rodarem com o biocombustível.
O diretor da APROBIO lembrou na reunião desta quinta-feira que em Curitiba rodam, há mais de seis anos, ônibus movidos 100% a biodiesel, sem necessidade de adaptação dos motores, mas apenas o plano de manutenção dos veículos.
Minelli ressaltou que na capital paranaense houve o cuidado de realizar a manutenção dos veículos de forma mais frequente com revisão e troca de óleo na metade do tempo que a recomendação da fábrica para uso de diesel fóssil. Com o decorrer dos testes, constatou-se que esse período poderia ser estendido e hoje ele já é de 75% do período recomendado pelo fabricante.
Minelli lembrou que em uma apresentação do Ministério das Minas e Energia há pouco mais de 15 dias foi demonstrado que até o preço do biodiesel hoje é mais competitivo que o do diesel em vários estados, inclusive em São Paulo.
Em função desses pontos, o diretor da APROBIO reafirmou que há no mercado equipamentos e biodiesel disponíveis para cumprimento da lei de mudanças climáticas da capital paulista.
Por fim, ele disse a todos os presentes que, de acordo com o estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade – coordenado pelo professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP – se a mistura de biodiesel no diesel fóssil fosse ampliada para 20% na região metropolitana da cidade poderiam ser evitadas quase duas mortes por dia, pois seriam 7.319 a menos deste ano até 2025, e mais de 45 mil internações hospitalares por problemas respiratórios causados pela poluição da queima de combustível fóssil no mesmo período. Aprobio