Artigo/No futuro da mobilidade sustentável, o Brasil está presente

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*Mirian Tomé

Se tem uma tecnologia 100% nacional, disruptiva e consagrada mundialmente e, da qual podemos nos orgulhar, e muito, é a do carro Flex.  Em março de 2003, o Brasil marcava a história da indústria automobilística, ao passar a oferecer ao consumidor a liberdade, até então inédita, de abastecer o carro com gasolina ou etanol.

Agora, em um mundo cada vez mais impactado e alarmado pelas mudanças climáticas, cujas causas são advindas inclusive do uso de combustíveis fósseis, o etanol, mais uma vez, se apresenta como rota alternativa para a mobilidade sustentável, de baixo carbono. Trata-se de um combustível limpo e renovável! Verdadeiro aliado do meio ambiente porque ajuda na redução de emissões de gases de efeito estufa.

Produzido por usinas bioenergéticas, que já são estratégicas para a economia brasileira ao gerar milhões de empregos diretos e indiretos, além de arrecadar impostos, o biocombustível está no centro de várias pesquisas voltadas para uma tecnologia que possibilitará a bioeletrificação dos carros por meio de células a combustível, que geram energia elétrica a partir do hidrogênio contido no etanol.

O Brasil já tem a frota de carros mais limpa, inclusive na comparação com países como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e tantos outros. Vale ressaltar que está comprovado, em vários estudos, que um  veículo elétrico emite 65 gramas de CO2, enquanto o etanol hidratado em um carro flex emite apenas 58 gramas. O futuro, certamente, vai ser via modelo híbrido que combine eletricidade com etanol. Assim, a previsão é de que haverá uma redução de emissões ao patamar de apenas 29 gramas de CO2 equivalente por quilômetro.

Sabemos também que, no presente e no futuro, o crescimento do uso de etanol é a melhor solução para o desafio de descarbonizar ainda mais a frota de veículos leves no País. Isso se deve, além da enorme frota Flex e da produção de etanol em alta escala pelas usinas, a distribuição é amplamente garantida em uma rede de postos consolidada. Não existe a necessidade de construir pontos para a recarga elétrica, como no caso dos veículos 100% elétricos.

E não é só isso. Temos ainda várias rotas tecnológicas em desenvolvimento para o uso do etanol na produção do SAF (Sustainable Aviation Fuel). Um combustível mais sustentável ao querosene de aviação derivado do petróleo.

E como fica o Estado de Goiás neste cenário? Definitivamente não está na contramão. Afinal, por aqui estão em operação 37 usinas de bioenergia que produzem etanol. A maioria usa a cana-de-açúcar como matéria-prima, mas o milho vem sendo cada vez mais utilizado, viabilizando a produção do biocombustível na entressafra da cana.

Então, seja no carro Flex ou, em um futuro bem próximo, com o híbrido movido a célula combustível, somos exemplo para o mundo! É ou não é para termos o maior orgulho? Eu tenho!

Mírian Tomé – Jornalista e consultora de comunicação do setor de bioenergia em Goiás

Artigo originalmente publicado no jornal O POPULAR-

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