A balança comercial do Brasil fechou 2019 com US$ 46,7 bilhões de saldo, o menor desde 2015 e 20% menor que 2018, com menos espaço na economia mundial. Esse saldo veio de US$ 224 bilhões exportados (queda de 7,5%) e US$ 177,3 bilhões importados (queda de 3,3%).
As exportações do agro/alimentos/bioenergia totalizaram quase US$ 97 bilhões, 43% do total que o Brasil vendeu ao mundo. Houve queda de 4,3% em relação a 2018, principalmente pelas menores vendas de soja e preços mais baixos de alguns produtos. As importações também caíram (praticamente 2%) e com isso o saldo deixado pelo agro foi de US$ 83 bilhões.
Sem o agro, a balança comercial brasileira registraria um déficit de mais de US$ 36 bilhões, que impactaria negativamente na taxa de câmbio, traria aumento da inflação e consequente crescimento da taxa de juros, jogando “por terra” nossa chance de retomada econômica.
Em dez anos, segundo o Ministério da Agricultura, o agronegócio trouxe ao Brasil US$ 931 bilhões. Imaginemos isso nos valores de hoje e em reais. Exportações provavelmente passaram de R$ 4 trilhões. Trilhões do mundo que entraram no Brasil.
Em 2019, o valor total da produção agropecuária (o que foi produzido x o preço médio de venda) foi recorde, de quase R$ 631 bilhões, sendo 2,6% maior que 2018. Geramos R$ 411 bilhões nas lavouras e R$ 220 bilhões nas carnes. Imaginemos todas as oportunidades criadas nas cidades com os gastos de parte desses bilhões, vindos do trabalho na terra, em imóveis, automóveis, restaurantes, supermercados, dentre outros. Sem esse movimento, como teriam sido os resultados nestes outros setores?
É preciso, por parte dos brasileiros, muito respeito ao agronegócio, a começar por imaginar como seria sua vida com um agro sem esses resultados, que provocaria uma inflação mais alta, comida mais cara, economia em retrocesso, menos empregos, impostos mais elevados e juros mais altos.
Dois mil e dezenove terminou com o Brasil dando mais um passo na geopolítica mundial e se consolidando na importante função de fornecedor mundial de alimentos e bioenergia. Registro parabéns e um forte agradecimento a todos seus integrantes pelos resultados. Na torcida para que se repitam em 2020.
Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio.