Artigo/ Os efeitos da irrigação no cenário canavieiro para a safra 2024/2025

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com cerca de 607 milhões de toneladas colhidas na safra 2023/2024, segundo levantamento de 2024 da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). No entanto, apesar da grande produção, o país possui uma baixa produtividade agrícola, com cerca de 73,61 ton/ha (CONAB 2024), abaixo inclusive de países com menor tradição canavieira como, por exemplo, a Colômbia, cuja produtividade média é de 93 ton/ha e produz apenas 23 milhões de toneladas. Por localização, o Brasil é um país tropical e é caracterizado por chuvas e altas temperaturas.

No entanto, normalmente nunca foi assim. Nos estados produtores de cana-de-açúcar, a estação climática é dividida em estações chuvosas e em períodos de estiagem que prevalecem por pelo menos cinco meses, como demonstrado na ilustração abaixo. Esse período de estiagem é necessário para a realização da colheita. No entanto, diminui nossa produtividade, principalmente no meio e final de safra, pois a cana-de-açúcar é produzida em no mínimo 12 meses e não apenas 5-6 meses.

Citado por vários especialistas do setor, de todos os fatores de produção que contribuem com a produtividade da cana-de-açúcar, 50% é o clima, e como menos de 20% da área de cana-de-açúcar é irrigada com água, grande parte do sucesso da produção nacional fica à mercê das oscilações climáticas. O fator água fica tão evidente no ambiente produtivo da cultura que, na ilustração abaixo, pode-se observar a diferença da produtividade de cana-de-açúcar entre o seu potencial produtivo, sem déficit hídrico, e a média histórica da região, onde há a presença do déficit hídrico.

Já superamos a metade do período de moagem para a região Centro-Sul e, em algumas regiões canavieiras, já há mais de 90 dias sem uma chuva de grandes proporções, e isso já é percebido visualmente em vários canaviais. Com certeza, diminuindo a produtividade média, como comumente ocorre , e provavelmente gerando muita “dor de cabeça” ao setor agrícola para abastecer as usinas e uma insegurança à indústria pela possibilidade de ficar com a moagem ociosa.

Entretanto, usinas e produtores de cana-de-açúcar que investiram em irrigação, principalmente a irrigação por gotejamento, estão sentindo menos os efeitos da estiagem e demonstrando que é possível verticalizar a sua produtividade, mitigando os riscos dos efeitos climáticos.

Nas fotos abaixo, observamos, em várias regiões do país, empresas e empresários agrícolas que investiram na irrigação por gotejamento e já colhem resultados. Em alguns casos, com mais de 100% de aumento de produtividade.

Nas safras atuais, onde temos que ser cada vez mais competitivos em relação à produtividade e com isso vários outros atributos que estão ligados a ela, não existem mais espaço para erros. Se a tecnologia da irrigação existe, por que não adotá-la? Até quando seremos reféns da insegurança que o clima nos proporciona?

Eng. Agro. Daniel B. Pedroso, Especialista Agronômico Sênior da Netafim Brasil

 

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