O Biodiesel B100 refere-se ao biodiesel puro, sem mistura com diesel de petróleo. Serve como uma alternativa mais limpa e de baixo carbono, podendo reduzir imediatamente as emissões de carbono e outros poluentes de motores a diesel. Porém, é ainda mais usado como um componente para produzir misturas de menor porcentagem e raramente é usado como combustível de transporte por si só. O B100 e outras misturas de biodiesel de alto nível são menos comumente usadas diretamente como combustível de transporte do que B20 e misturas mais baixas devido à falta de incentivos regulatórios e preços. O B100 é produzido através do processo de transesterificação de ácidos graxos e metanol. Óleos e gorduras, que consistem em triglicerídeos, são separados para formar ésteres metílicos de ácidos graxos (FAME) e glicerina. Nesse processo, a espinha dorsal de glicerol no triglicerídeo é substituída por um álcool, tipicamente metanol, sob a ação de um catalisador, como hidróxido de sódio.
Desafios
Os desafios para o uso em larga escala do biodiesel B100 incluem a necessidade de adaptações na frota de veículos, pois muitos caminhões exigem pequenas modificações no motor para poder usar o B100. Operar um motor a diesel com B100 sem essas modificações pode levar a necessidades extras de manutenção ou até mesmo danificar o motor. Além disso, há desafios relacionados à viscosidade mais alta do biodiesel, menor conteúdo energético, emissões mais altas de óxidos de nitrogênio (NOx), menor velocidade e potência do motor, coking do injetor, compatibilidade com o motor, custo elevado e maior desgaste do moto.
Contra
Os principais argumentos contra o uso do B100 incluem preocupações com o desempenho em clima frio, pois o B100 começa a gelificar e a viscosidade aumenta, o que pode aumentar o estresse nas bombas. Além disso, o ponto de névoa alto do B100 torna seu uso desafiador em climas mais frios. O B100 também não é compatível com algumas mangueiras e juntas, e há preocupações com a compatibilidade dos equipamentos e custos. Outros problemas incluem baixa atomização, formação de depósitos de carbono e entupimento de injetores devido à maior densidade e viscosidade do biodiesel.
Positivo
Porém, existem várias pesquisas para melhorar o desempenho do B100. Estudos estão explorando o uso de aditivos como ésteres e n-butanol para reduzir emissões e melhorar as características de pulverização do biodiesel. Outras pesquisas incluem a adição de nanopartículas metálicas para reduzir o período de atraso de ignição, aumentar o valor calórico e as taxas de oxidação, levando a uma combustão mais completa e limpa. Algumas das principais montadoras que têm mostrado interesse em pesquisas de biodiesel incluem Volkswagen, Mercedes-Benz, e Ford, entre outras. Essas empresas frequentemente colaboram com pesquisadores e instituições acadêmicas para explorar o uso de biodiesel em seus veículos e melhorar a compatibilidade com diferentes misturas de combustíveis.
Um caminhão da fabricante holandesa DAF já utiliza o B100 com o objetivo de comprovar a qualidade do biocombustível como um importante substituto para o setor. O caminhão já passou de 120 mil quilômetros de uso.
No campo
A AMAGGI, uma das maiores companhias brasileiras na cadeia de grãos e fibras e que atua na China, Argentina, Paraguai, Holanda, Noruega , Singapura e Suíça, desde março deste ano, tem sua primeira fazenda onde o biodiesel (B100) é o único combustível utilizado em máquinas para operações. O B100 é usado na Fazenda Sete Lagoas, em Diamantino (MT), em parceria com a fabricante John Deere. A Fazenda ocupa 3.600 hectares e cultiva soja e milho. O biodiesel à base de soja, B100, que abastecerá o maquinário na propriedade, será produzido pela própria AMAGGI em sua planta de biodiesel em Lucas do Rio Verde (MT).
Judiney Carvalho, CEO da empresa, afirma que o B100 produzido na fábrica da AMAGGI é proveniente de matéria-prima proveniente da própria indústria de esmagamento de grãos da empresa. “Esse mesmo combustível será utilizado para a nossa frota rodoviária a partir do ano que vem, e em breve vamos estender esse uso para a nossa frota fluvial”, detalha Carvalho.
Canal-Jornal da Bioenergia