O setor de biodiesel tem novidades. A Petrobrás agora processa as vísceras de peixes para produção de biodiesel, conhecido como OGR (óleos e gorduras residuais) de peixe. A Usina Quixadá, no Ceará, já produziu 31 mil litros de óleo.
O material que antes era desperdiçado pelos pescadores da região e era problema ambiental tornou-se mais uma fonte de renda. A matéria-prima é fornecida pelos psicultores dos açudes do Castanhão e de Orós.
Segundo a estatal, O óleo extraído das vísceras de peixe, comparado a outras matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel, possui um preço bastante competitivo. Por cada litro, a Petrobrás paga à cooperativa R$ 1,40. “10% do peixe são vísceras, e desse material, apenas 50% é transformado em óleo”, explica o Presidente da Cooperativa dos Piscicultores do Curupati Peixe, Ernesto da Silva Góes.
Para a Petrobras Biocombustível, a compra desse óleo é positivo porque dá para a Companhia o Selo Combustível Social (SCS).
O Secretário de Aquicultura e Pesca de Orós, José Henrique Silva, explica que os piscicultores locais ainda não iniciaram o envio do óleo de peixe para a Petrobrás. “Estamos tentando adquirir uma máquina para retirar o óleo das vísceras do peixe. O banco já financiou, mas aguarda uma comprovação real do funcionamento da máquina”, explica. São pescados no Açude Orós, no Ceará, cerca de 800 toneladas de peixe por mês, apenas em Orós são 600 toneladas.
O Presidente da Cooperativa dos Piscicultores do Curupati Peixe, Ernesto da Silva Góes, também aguarda o equipamento para modernizar a retirada do óleo do peixe, mas para não perder a renda extra para as famílias dos 41 cooperados retiram o óleo artesanalmente. “Temos um funcionário exclusivo que busca e ferve as vísceras”, explica. A produção mensal é de cinco mil litros.
Devido a diminuição do Açude Castanhão, Góes acredita que a produção de peixe e de óleo sofra uma redução. “Hoje, estamos com 800 gaiolas, mas acredito que teremos que reduzir”.
Perspectivas
A Petrobras Biocombustível tem uma forte presença no interior estado do Ceará, principalmente na região do açude Castanhão, através da parceria com a Cooperativa dos Produtores do Curupati. Também foi assinado um convênio com a Secretaria Estadual de Pesca e Aquicultura do Estado do Ceará para a prestação de assistência técnica e extensão pesqueira e aquícola (ATEPA) no sentido de ampliação da atuação ainda em 2015.
Outro foco de expansão é na Bahia, onde já existem algumas ações da estatual encaminhadas junto a Bahia Pesca – empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri ). Assim, a Petrobras Biocombustível também pretende buscar apoio e parcerias com Cooperativas de Piscicultores da Bahia para no desenvolvimento desta atividade, semelhante ao processo realizado no estado do Ceará.
A introdução do óleo de peixe na cadeia produtiva do biodiesel é uma parceria da Petrobras Biocombustível, do Ministério da Pesca e Aquicultura, da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Ceará, da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec), do Núcleo Tecnológico da Universidade Federal do Ceará, do Banco do Nordeste, do Banco do Brasil, do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) e das prefeituras de Jaguaribara e de Orós.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia