O papel fundamental do biodiesel na transição para uma economia de baixo carbono, as perspectivas para o Brasil dentro desse cenário e a experiência dos Estados Unidos e da Indonésia foram alguns dos temas apresentados no webinar “Biodiesel no Brasil e no Mundo”. O encontro virtual, realizado dia 10 de agosto, deu início à série de webinars “Biodiesel Week”, promovida pela Ubrabio e a Embrapa Agroenergia.
O primeiro webinar do ciclo reuniu o diplomata Renato Godinho, chefe da Divisão de Recursos Energéticos Novos e Renováveis do Ministério das Relações Exteriores (MRE); o diretor geral da Evonik na Argentina e presidente da empresa no Chile, Marcos Salgueiro; o diretor de Sustentabilidade do Conselho Nacional de Biodiesel dos Estados Unidos (NBB – National Biodiesel Board), Don Scott; e o diretor de Energias Renováveis do Ministério de Energia e Recursos Naturais da Indonésia, F. X. Sutijastoto. A mediação coube ao diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski e ao consultor técnico da Ubrabio, o engenheiro químico Donato Aranda, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Entre outras questões, o chefe da Divisão de Recursos Energéticos Novos e Renováveis do MRE falou sobre a transição estratégica para uma economia de baixo carbono, a contribuição do biodiesel nesse processo e como o Brasil pode ter um protagonismo nessa questão.
“A atual matriz de combustíveis não é viável, nem no longo e nem no médio prazo. Por isso, é preciso fazer essa transição de forma rápida. A importância dos biocombustíveis no processo de transição energética é demonstrada pelo exemplo brasileiro. Entre as grandes economias mundiais, o Brasil está muito à frente dos outros países nesse processo”, afirmou Renato Godinho. “Aproximadamente, 50% da matriz brasileira é de natureza renovável, sendo que a média mundial está abaixo de 15%”, explicou.
Biodiesel no mundo
Na sequência, o executivo da Evonik, empresa que fornece insumos para a produção de biocombustíveis, o administrador Marcos Salgueio apresentou em sua palestra uma visão sobre o mercado global de biodiesel e quais os fatores que influenciam o sucesso desse biocombustível no mundo. Segundo Salgueiro, o mercado de biodiesel continua sendo extremamente atrativo no mundo inteiro.
“Desde 2007, o segmento vem registrando um crescimento médio anual de quase 10%, em termos de produção e consumo de biodiesel no mundo. Para o futuro o crescimento deverá ser de pelo menos mais 5% a cada ano, com foco principalmente na América do Sul, no Sudeste asiático e nos Estados Unidos”, explicou Marcos Salgueiro, que é associado à Ubrabio. Segundo o executivo, esse crescimento a taxas menores é resultado de algumas mudanças que vêm acontecendo na Europa.
O presidente da Evonik Argentina atribuiu a três fatores o crescimento sustentável do biodiesel no mundo: o primeiro é a presença dos recursos naturais; o segundo é o comprometimento do estado com a indústria do biodiesel e o terceiro é a existência de uma estratégia local bem clara e definida na indústria.
Em relação a esse último ponto, Marcos Salgueiro destacou que é fundamental utilizar os recursos naturais de uma maneira que gere o maior valor agregado dentro do país. Salgueiro citou o exemplo que a Argentina vem adotando. “A Argentina tem uma estratégia super clara de fazer o crushing (esmagamento) da soja no próprio país. A decisão é exportar o farelo, evitando exportar a soja em grão. A Argentina tem mercados bem desenvolvidos na Ásia, na Europa e no Oriente Médio para exportar o farelo de soja e gerar trabalho e mais valor agregado dentro do país”, explicou Salgueiro, que fez a sua participação direto de Buenos Aires.
EUA e Indonésia
Na sequência, foram exibidos dois vídeos, com as apresentações dos representantes dos Estados Unidos e da Indonésia. Os dois países são, respectivamente, o primeiro e o segundo maiores produtores de biodiesel do mundo, seguidos pelo Brasil.
Don Scott, do National Biodiesel Board, ressaltou que a importância de entender a origem do programa de biodiesel é a chave para compreender o futuro do uso desse biocombustível. O diretor de Sustentabilidade do Conselho Nacional de Biodiesel dos Estados Unidos afirmou que, nesse sentido, instituições como o NBB, em seu país, e a Ubrabio, aqui no Brasil, são fundamentais para colaborar com a pesquisa e com a política de desenvolvimento industrial.
Já F. X Sutijastoto, diretor de Energias Renováveis do Ministério de Energia e Recursos Naturais da Indonésia apresentou tópicos como o compromisso do país em reduzir em 29% as emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2030, com um alvo intermediário de reduzir 23% até 2025. Segundo o dirigente da Indonésia, um dos grandes propulsores do uso do biodiesel no país foi o fato de haver um grande déficit na balança comercial devido à importação de combustíveis fósseis. Para tentar reverter essa situação, a Indonésia investiu no biodiesel à base de óleo de palma. Em 2019, o país produziu 42,8 milhões de toneladas de óleo de palma bruto.
O professor Donato Aranda fez uma síntese das apresentações dos convidados dos Estados Unidos e da Indonésia, e mediou, em companhia do diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, os comentários finais dos demais participantes. Na sequência, também foram respondidas perguntas enviadas pelo público que assistiu as palestras pelo canal da Ubrabio no YouTube.
Nesta terça (11), os debates continuam, com o Webinar Leilões de Biodiesel (às 10 horas) e o Webinar Novas Matérias-Primas para o Biodiesel (às 17 horas). Divulgação