Abiogás

Biogás: a preocupação com a matéria-prima

Alessandro Gardemann é formado em Administração de Empresas pela EAESP- FGV, com cinco anos de atuação no mercado financeiro. Em 2008, fundou a Geo Energética e, desde então, tem se dedicado ao Biogás. Foi ainda um dos fundadores da Associação Brasileira do Biogás e do Biometano (ABiogás), onde, atualmente, é o presidente.

Canal: O que esperar do governo que assumiu agora? Como ele deve impactar na geração de energia renovável?

Alessandro: Estamos num período de transição. Então, é comum não termos algo definido. Porém, até o momento, o setor de renováveis tem a confirmação da sua importância pela equipe do Ministério de Minas e Energia (MME), ratificadas pelas indicações técnicas que vimos nos ministérios já anunciados. A ABiogás tem a expectativa de que mercado do biogás/biometano mantenha o processo de crescimento acelerado que vem vivendo. Outro ponto de confiança no crescimento do setor é o fato do biogás estar inserido no planejamento do das agências reguladoras, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O biogás está pela primeira vez inserido nos planos de médio e longo prazo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Por este motivo, acreditamos na manutenção e crescimento dessa fonte renovável. É importante ressaltar que as energias renováveis estão se mostrando cada vez mais competitivas, mesmo sem subsídios como é o caso do biogás e do biometano. Olhando especificamente para os quesitos geração de ponto e armazenagem, o biogás é a melhor opção renovável para a matriz elétrica brasileira.

Canal: Quais as principais medidas de incentivo esperadas para 2019?

Alessandro: A Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) será o grande impulsionador do uso de biometano, principalmente como substituto do diesel em frotas pesadas e em transporte de passageiros. Desta forma, aumentando a segurança energética e evitando novas crises de abastecimento como foi a “greve dos caminhoneiros”. Outro incentivo importante foi a inserção do biogás no Plano Decenal de Expansão de Energia 2027 (PDE 2027) pela EPE. Assim, agora faz sentido termos um leilão dedicado ao biogás, como ocorre com outras fontes renováveis, para inserir de maneira definitiva esta fonte renovável na matriz elétrica brasileira.

Canal: O setor deve se desenvolver mais este ano de 2019?

Alessandro: Estamos extremamente otimistas. A matriz energética brasileira precisa de uma solução renovável para aumentar a sua segurança energética e diminuir sua dependência no diesel importado e aumentar a geração de energia elétrica de base, com um energético armazenável e para geração de ponto. Além disso, o biogás é uma solução com tecnologia madura e disponível no Brasil.

Canal: O mercado livre de energia é uma tendência?•

Alessandro: Com certeza! Temos que ampliar o acesso ao mercado livre dos consumidores menores, dando opção e aumentando a competitividade entre os fornecedores. É importante ressaltar que ter acesso a informação do preço horário de energia é essencial para a viabilidade e sustentabilidade desse novo modelo.

Canal: Como avalia o desenvolvimento do setor em 2018? Os resultados estão dentro das projeções?

Alessandro: O RenovaBio e a geração distribuída serão um grande incentivo ao desenvolvimento do setor. Prova disto é a entrada em operação da planta de biometano para injeção no gasoduto em Fortaleza a partir de biogás de aterros sanitários. Isto sinaliza para o Mercado que diversos projetos de geração distribuída entraram em operação em breve. Além disso, existem outros projetos utilizando os resíduos do setor sucroenergético e da suinocultura entrando em operação para a produção não só de energia elétrica, mas também de biometano. Pelo Brasil inteiro vemos as mais variadas matérias primas sendo utilizadas para a geração de biogás/biometano, mostrando a flexibilidade e competitividade desse energético. Outro fator importante é a sinergia entre o setor de saneamento e a geração de bioenergia. Ao revermos o ano de 2018, a ABiogás não só cumpriu as suas metas anuais, mas também construiu as bases para o crescimento futuro do setor..

Canal-Jornal da Bioenergia

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