Pode um país suprir suas próprias demandas de energia com fontes renováveis? Num cenário global, este tipo de questionamento soa até como utópico. Mas, não no Brasil. Atualmente cerca de 50% da energia produzida em nosso território é proveniente de fontes renováveis, principalmente da energia hidrelétrica e biomassa. Sendo que, a biomassa responde por mais de 30% da matriz energética brasileira, com potencial para ser muito melhor aproveitada.
Estudos comprovam que a cada hectare (10 mil metros quadrados) de um canavial são gerados de 10 a 15 toneladas de palha. E, neste tipo de cultura também é possível aproveitar materiais como palhiço, fibra do colmo e bagaço da cana-de-açúcar, que possuem praticamente as mesmas características para produção de energia. A biomassa representa um terço do conteúdo de energia do canavial e o restante fica por conta do próprio caldo da cana que será transformado em açúcar ou etanol, e do bagaço, que será transformado em energia térmica e elétrica.
A geração de energia através do bagaço da cana-de-açúcar tem potencial para iluminar uma cidade inteira. Mas, ainda hoje, observa-se um alto índice de palha deixada no campo. Apesar do setor sucroenergético já utilizar a energia proveniente do bagaço da cana-de-açúcar para gerar eletricidade para consumo próprio ou para comercialização, a palha da cana-de-açúcar ainda é subaproveitada, o que representa um desperdício energético para o País.
Isto porque, cada tonelada de palhiço destinada à biomassa rende de 1,2 a 2,8 megawatts de energia bruta. Sem contar que, além de gerar energia, a biomassa evita a poluição ambiental, diminuindo o risco de incêndio e até o de incidência de novas populações de pragas.
No Brasil, a técnica mais utilizada para trabalhar com biomassa é o enfardamento da palha, que ocorre logo após a colheita. Neste processo é necessário o uso de uma enfardadora para a confecção de fardos que servirão de matéria-prima para combustão em caldeiras.
Esta é uma das tecnologias mais novas da atualidade e também uma das mais acessíveis aos produtores de médio e grande porte. É por isso, que uma das principais empresas do setor de máquinas agrícolas, a Valtra, acredita que este mercado possa triplicar nos próximos sete anos.
Afinal, as atuais crises energéticas e hídricas em nosso País têm deixado cada vez mais evidente a necessidade de investimento em fontes renováveis de energia. Com isso, é essencial que a biomassa seja considerada uma importante matéria-prima para abastecer setores da produção interessados em energia limpa, de baixo custo e de menor impacto ao meio ambiente.
*Marcelo Pupin é coordenador de marketing de produto da AGCO – líder mundial em design, produção e distribuição de máquinas agrícolas