Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) compilados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) revelam que o potencial de técnico da bioeletricidade de cana para o Sistema Interligado Nacional (SNI) é de 17,3 GW médios, algo próximo a 4 usinas do porte da hidrelétrica de Belo Monte.
Entretanto, no ano passado, as usinas sucroenergéticas produziram 4,1 GW médios, dos quais 1,7 GW médios foram direcionados para o autoconsumo no parque fabril e 2,4 GW médios destinados à rede. Isto possibilitou que a bioeletricidade respondesse por 8,8% da Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) do País, atrás apenas da hidroeletricidade, que terminou o ano representando 68,7% da OIEE.
Na avaliação do gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar Souza, o aproveitamento do potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética para a rede é de apenas 14% do seu total. O executivo foi um dos palestrantes do seminário “O potencial do biogás de resíduos agroindustriais”, realizado na segunda quinzena de novembro (27/11) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em sua sede, no Rio de Janeiro (RJ).
Representante da UNICA, Zilmar Souza (Ao centro), durante evento no RJ“Temos uma avenida de oportunidades para aproveitar da melhor maneira possível as qualidades da bioeletricidade feita a partir da biogás da vinhaça, da palha e do bagaço de cana. Além de ser um fonte limpa e renovável, traz segurança energética e desenvolvimento socioeconômico, gerando emprego e renda próximo ao centros de consumo e grandes cidades”, avalia o especialista.
O seminário promovido pelo BNDES teve como tema central os investimento na produção do biogás agroindustrial e do seu uso na geração de energia e transporte. Além disso, também foram discutidas políticas públicas nacionais e internacionais que incentivam o uso de energia renovável e a sustentabilidade.
A abertura do evento foi feita pela diretora do BNDES, Claudia Trindade Prates. Em seguida, diversos especialistas em bioenergia fizeram apresentações, com destaque para as presenças do diretor do Ministério de Minas e Energia (MME), Miguel Ivan Lacerda, do Chefe de Divisão do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Renato Domith Godinho, do diretor da EPE, José Mauro Ferreira Coelho, do presidente da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás), Alessandro Gardemann, e do diretor Executivo da Raizen, Antonio Stuchi.
O biogás/ biometano no setor sucroenergético
A partir de dados da EPE, Zilmar Souza também mostrou que o potencial de geração de energia elétrica para a rede a partir do biogás da vinhaça é de mais de 2 GW médios, o que representaria atender 5% do consumo nacional ou quase 11 milhões de residências ao longo do ano.
Outro produto que pode ser fabricado a partir do aproveitamento energético da vinhaça é o biometano. De acordo com o consultor Ambiental e de Recursos Hídricos da UNICA, André Elia Neto, somente o biometano pode gerar energia suficiente para atender 5% da demanda nacional de gás natural, representando aproximadamente 15% do que atualmente é atendido pela rede canalizada no Estado de São Paulo.
“A vinhaça, um subproduto da produção de açúcar e etanol, é abundante no segmento canavieiro. Além de servir de base para a produção destes dois novos renováveis, não perderia a sua utilização como fertilizante na lavoura de cana”, conclui o Elia.
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