Soluções sustentáveis e aumento da produção de biogás impulsionam o país no cenário global
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ressalta que, devido à sua ampla base agrícola e experiência em bioenergia, o Brasil está em uma posição privilegiada para liderar a transição energética, aproveitando sua vantagem estratégica para promover inovações.
O Brasil é reconhecido como um dos principais líderes globais na utilização de bioenergia, uma alternativa limpa e renovável que é fundamental na transição energética necessária em todo o mundo. Esse papel de destaque é resultado de décadas de esforços, inovações tecnológicas e uma relação estratégica com as riquezas naturais do país, como a biomassa e os resíduos agrícolas, que tornam essa jornada não apenas viável, mas também promissora.
O estudo “Neutralidade de carbono até 2050: Cenários para uma transição energética no Brasil”, realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), investiga como o país pode alcançar a neutralidade de carbono até 2050, equilibrando objetivos alimentares, energéticos e ambientais por meio da recuperação de pastagens degradadas com florestas nativas, florestas plantadas e práticas agropecuárias sustentáveis. O estudo destaca o imenso potencial do Brasil em soluções baseadas na natureza, que, além de remover carbono, proporcionam co-benefícios socioambientais, posicionando o país como um líder nessa transição energética sustentável.
Uma matriz energética que é exemplo para o mundo
A energia hidrelétrica domina a matriz energética brasileira, representando a maior parte da geração de eletricidade no país devido à abundância de rios e reservatórios. No entanto, o modelo hidrelétrico apresenta desafios, especialmente durante períodos de estiagem ou mudanças climáticas que afetam os níveis dos reservatórios.
É nesses momentos que a bioenergia, particularmente os biocombustíveis, se destaca como uma alternativa estratégica e resiliente. O Brasil é um dos maiores produtores de bioenergia do mundo, com destaque para o etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, e o biogás, obtido pela decomposição de resíduos orgânicos, como bagaço de cana, resíduos agroindustriais e lixo urbano.
Esses combustíveis desempenham um papel duplo: não apenas diversificam a matriz energética e reduzem a dependência de fontes hidrelétricas, mas também ajudam a mitigar emissões de gases de efeito estufa, já que são fontes renováveis e têm menor impacto ambiental em comparação aos combustíveis fósseis.
O etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, é um símbolo dessa força. Além de ser um combustível que emite menos gases de efeito estufa, é amplamente utilizado no Brasil e exportado para o mundo, ajudando a reduzir a dependência global de combustíveis fósseis.
O avanço do biogás
Nos últimos anos, o biogás ganhou espaço na matriz energética brasileira como uma alternativa sustentável e eficiente. Produzido a partir de resíduos orgânicos, como os resíduos agroindustriais e o lixo urbano, ele não só gera energia, mas também contribui para uma gestão mais responsável dos resíduos.
Em 2024, o crescimento da produção de biogás foi expressivo, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esse avanço reflete tanto a busca por soluções mais limpas quanto os investimentos em infraestrutura, que estão permitindo a expansão do acesso ao gás natural renovável em diversas regiões do país.
O que impulsiona o Brasil nessa liderança
O Brasil tem algumas cartas na manga que o ajudam a brilhar nesse cenário. Além da vasta disponibilidade de biomassa e terras aráveis, o país tem apostado fortemente em pesquisa e inovação, buscando formas de tornar a produção de bioenergia cada vez mais eficiente e sustentável.
Outro diferencial é o apoio governamental. Programas como o RenovaBio incentivam a descarbonização do setor de combustíveis, estabelecendo metas claras e fomentando o uso de biocombustíveis. Esses esforços colocam o Brasil como referência mundial em políticas para um futuro mais verde.
Distribuidoras de gás e seu papel na transição energética
As distribuidoras de gás desempenham um papel fundamental nesse contexto. Elas podem estabelecer parcerias com produtores de biogás e investir em infraestrutura para assegurar que o gás natural renovável chegue de forma eficiente a indústrias, frotas de veículos e outros setores estratégicos. Esse esforço é vital para consolidar o biogás como uma alternativa acessível e competitiva no mercado, tanto no Brasil quanto no exterior.
Desafios e oportunidades
É claro que existem desafios a serem enfrentados. As regiões menos desenvolvidas ainda lidam com problemas de infraestrutura, e é necessário um esforço maior para integrar políticas públicas e privadas. No entanto, o cenário é promissor. Com recursos abundantes, incentivos consistentes e o engajamento do setor privado, o Brasil tem tudo para continuar liderando a transição para um sistema energético mais limpo e sustentável. Mais do que um exemplo, o país é uma prova concreta de que inovação, planejamento e compromisso podem transformar o futuro.