Brasil e os combustíveis sustentáveis de aviação. Perspectivas são mesmo positivas?

O Brasil já dá seus passos firmes para produzir combustível sustentável de aviação. Empresas como Acelen, Petrobras, Brasil BioFuels e Geo Biogás já anunciaram planos de produção. O país pode produzir até 9 bilhões de litros de combustível sustentável de aviação por ano. O combustível pode ser produzido a partir de resíduos de cana-de-açúcar e de plantações de eucalipto, gases de combustão, sebo de vaca e óleo de cozinha usado.

Vale ressaltar que na avaliação é da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a produção de SAF aqui  no Brasil pode ter uma intensidade de carbono menor em comparação com os mesmos processos de conversão em outros países devido ao uso de plantas integradas na cadeia produtiva. O Brasil já é reconhecido por sua expertise em biocombustíveis, especialmente com o etanol de cana-de-açúcar, estabelecendo uma base sólida para inovações futuras em SAF. A abundância de matéria-prima e uma infraestrutura energética em expansão são vantagens adicionais que favorecem o país nesse desenvolvimento. Além disso, com mais de 2.000 aeronaves e 100 aeroportos no País, existe um mercado doméstico para o consumo de SAF.

Em andamento

A produção nacional de SAF já tem projetos como o BioQAv, da Boeing e Embraer para transformar o óleo de cozinha usado em ésteres e ácidos graxos hidroprocessados.  Tem ainda o BioValor, uma colaboração entre Amyris, TotalEnergies e LanzaTech, explora a produção de combustível de aviação a partir do bagaço da cana-de-açúcar e ainda o H2Fly, projeto de parceria com a Siemens Energy e Airbus, cujo foco é produzir querosene sintético utilizando hidrogênio verde. Tem ainda a Copersucar que juntamente com a Geo bio gas&carbon vai produzir biocombustível de aviação a partir de biometano. Os resíduos agroindustriais das usinas de cana serão a matéria-prima.

Já a A Raízen avança no caminho do bioquerosene de aviação (SAF) e biocombustível marítimo (biobunker), a partir de um resíduo da produção do etanol celulósico — ou etanol de segunda geração (E2G).
A empresa já oficializou acordo com a biorrefinaria holandesa Vertoro para aumentar o valor agregado da lignina, uma molécula que garante a rigidez dos tecidos vegetais e que é quebrada no processo de produção do etanol a partir de biomassa. A ideia é transformar a lignina em SAF, biobunker e também em produtos químicos e materiais.

Legislação

OMinistério de Minas e Energia (MME) publicou no começo de setembro no Diário Oficial da União (DOU), acordo de cooperação técnica voltado à implementação de um arcabouço regulatório para a inserção dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) no Brasil. O acordo tem duração de 60 meses e foi firmado entre a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), vinculada ao MME, e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). De acordo com material divulgado pelo MME, os avanços são enormes na área já que segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a cooperação técnica está alinhada com o Projeto de Lei nº 528/2020, denominado PL do Combustível do Futuro, que institui, entre outras iniciativas, o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV). “O Combustível do Futuro é o maior programa de descarbonização da matriz de transportes e de mobilidade do planeta, através do qual obteremos avanços consideráveis no etanol, no biodiesel, no combustível sustentável de aviação, no diesel verde e na captura de carbono. Isso coloca o Brasil na liderança para uma transição energética justa, inclusiva e equilibrada”, destaca o ministro em release do Ministério.

Entre os objetivos do acordo está a criação de um fórum informal, denominado Conexão SAF, do qual participarão, além das agências, representantes dos diversos segmentos interessados no desenvolvimento de um mercado de SAF no país. Este fórum também será o veículo para a elaboração de estudos voltados aos desafios no estabelecimento de um sólido mercado de SAF no Brasil.

Canal-Jornal da Bioenergia

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