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Brasil pode ser estratégico para segurança alimentar e energética na China

A demanda cada vez maior por alimento e energia limpa e renovável na China representa, no longo prazo, uma oportunidade de bons negócios para a indústria canavieira nacional. Maior comprador mundial de açúcar e principal destino das exportações brasileiras, o gigante asiático, que nos últimos dois dias (04 e 05/09) vem sediando a reunião da Cúpula do G20, enfrenta enormes desafios diante das altas taxas de crescimento demográfico e melhora na qualidade de vida da sua população.

O diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, ressalta a importância de se estreitar o relacionamento entre Brasil e China não apenas para incrementar o comércio entre as duas nações, como para promover o desenvolvimento sustentável no maior país emissor de gases de efeito estufa do planeta.

“Desde 2012, os chineses são os principais compradores do nosso açúcar. No acumulado de janeiro a julho deste ano exportamos um valor recorde para o período. Foram enviadas 1,6 milhão de toneladas para aquele país, um crescimento de 36,3% em relação ao volume comercializado nos seis primeiros meses de 2015”, afirma Padua.

Outra oportunidade, segundo o executivo, poderá surgir no mercado chinês de energias renováveis. “Visto que a China anunciou a aprovação do acordo global sobre o clima, podemos buscar mais espaço para o etanol de cana. Tendo a matriz energética muito dependente do carvão e petróleo, os chineses terão que fazer um enorme esforço, nos próximos quinze anos, para diversificar fontes de energia limpa”, avalia o diretor da UNICA, lembrando o potencial do produto brasileiro de reduzir em até 90% a emissão de CO2 em relação à gasolina e até 80% em comparação ao diesel.

Donos de uma frota automotiva composta por mais de 217 milhões de veículos, quase todos movidos por combustíveis fósseis. Em algumas cidades, os níveis de poluição provenientes do tráfego são considerados alarmantes pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dados da UNICA revelam que o uso do etanol no Brasil, em mistura com a gasolina (anidro) ou seu uso autônomo como combustível nos veículos Flex (hidratado), evitou, de março de 2003 a maio de 2016, que mais de 350 milhões de toneladas de CO2 fossem despejadas na atmosfera.

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No sábado (03/09), durante encontro entre os presidentes Barack Obama e Xi Jinping, por ocasião da cúpula do G20 na cidade de Hangzhou, China e Estados Unidos, responsáveis por aproximadamente 40% das emissões globais de carbono, indicaram a ratificação do Acordo de Paris, um esforço mundial para conter o aquecimento do planeta.

Um dos pontos centrais do Acordo, encampado por 195 países durante a Conferência do Clima (COP21), realizada em dezembro de 2015 na capital francesa, é o envolvimento de todas as nações no combate às mudanças climáticas, o suficiente para manter o aumento médio da temperatura global abaixo de 2°C . O Brasil já ratificou a sua proposta na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. No próximo dia 12 de setembro, o presidente Michel Temer assinará documento do plano brasileiro, que posteriormente será enviado para a ONU.

No que diz respeito exclusivamente ao setor sucroenergético nacional, a proposta prevê, até 2030, a participação na matriz energética de 18% de biocombustíveis sustentáveis, incluindo o etanol carburante e demais biomassas derivadas da cana-de-açúcar, além de um aumento de 10% para 23% no uso de energia renováveis (solar, eólica e biomassa) exclusivamente na matriz elétrica.

 

 

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