Gerar energia em casa atualmente está mais barato do que comprar da distribuidora de energia. Se um consumidor somar todo o custo de investimento em energia solar com a manutenção mínima que terá ao longo da vida útil do equipamento, que é de 25 anos, e dividir esse valor pela energia gerada pelo sistema fotovoltaico, o preço que investiu pela energia solar é mais barato que o da rede elétrica.
Devido a essa premissa, o Brasil chegou a marca histórica de 100 MW de potência acumulada em sistemas de microgeração e minigeração distribuída solar fotovoltaica instalados em residências, comércios, indústrias, edifícios públicos e na zona rural.
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) indicam que no Brasil existem hoje 12.520 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, isso é a energia gerada pelos módulos solares fotovoltaicos durante o dia é entregue à rede elétrica instantaneamente. Esse sistema permite economia e engajamento ambiental a 13.897 unidades consumidoras, somando mais de R$ 850 milhões em investimentos acumulados desde 2012, distribuídos ao redor de todas as regiões do Brasil.
Custo
Segundo o Presidente Executivo da Absolar, Rodrigo Lopes Sauaia, investir em energia solar fotovoltaica hoje é mais barata 80% em comparação há dez anos. Para se mensurar uma residência com quatro pessoas, a instalação dos equipamentos que têm uma vida útil de 25 anos, fica entre R$ 15 a 20 mil. “A tecnologia se tornou muito atraente. É um investimento certo com um retorno de poucos anos”, exemplifica.
Para a Absolar, o crescimento da microgeração e minigeração distribuída solar fotovoltaica foi impulsionado por três fatores. O primeiro foi a redução de mais de 75% no preço da energia solar fotovoltaica na última década, somado ao aumento de mais de 50% nas tarifas de energia elétrica nos últimos dois anos. Além do aumento da consciência e responsabilidade socioambiental da população. “Os consumidores estão cada vez mais interessados em economizar dinheiro ajudando simultaneamente a preservação do meio ambiente”, comenta. Devido a isso, as residências lideram o uso da energia solar fotovoltaica, somando 42% da potência instalada no Brasil. Seguido do comércio com 38% e da indústria, com 11%. Sauaia explica que o baixa participação do setor industrial se deve as políticas de venda de energia. “A energia das distribuidoras é mais cara para os pequenos consumidores. Quanto mais se consome de energia no Brasil, mais a energia fica barata”, explica.
Outro fator que coloca os consumidores residenciais em destaque é que a tecnologia fotovoltaica estava mais voltada para estes ambientes. “O avanço da técnica permite a redução dos preços. A cada ano acompanhamos uma baixa de 5 a 6% nos valores dos equipamentos”, comenta.
Segundo a Absolar quando se avalia o número de sistemas instalados, a liderança dos consumidores residenciais se torna mais visível, com 80% dos sistemas instalados neste setor, seguido por empresas de comércio e serviços com 15%, indústrias (2%), consumidores rurais (2%) e outros tipos, como consumidores do poder público (1%), serviços públicos (0,2%) e iluminação pública (0,1%).
Mais casas
Para alavancar o crescimento desta tecnologia em residências, um estudo desenvolvido pela Abesolar em parceria com Furnas e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) para implementação de energia solar fotovoltaica no Programa Minha Casa, Minha Vida deve se transformar em portaria.
Assim, pessoas com menor poder aquisitivo terão acesso a essa energia renovável, limpa e de baixo impacto social. “Com um sistema de dois módulos fotovoltaicos e um microinversor será possível reduzir em até 70% os gastos com energia elétrica da população de baixa renda, aliviando seu orçamento e permitindo que invistam o dinheiro que antes era usado para pagar a conta de luz, em áreas como alimentação, saúde, educação e qualidade de vida”, celebrou Sauaia.
Crescimento
Ainda visando o aumento da potência da energia solar fotovoltaica no Brasil, o setor solicitou a participação no leilão de energia A-6 previsto para dezembro de 2017. Segundo a Associação, a fonte solar fotovoltaica foi incluída no leilão A-4 (que entrega em 2021), porém não figura no leilão A-6 (que entrega energia em 2023).
De acordo com o Rodrigo Sauaia, a energia solar fotovoltaica foi a única fonte renovável que não apareceu no certame, tratamento desigual que fere a isonomia e traz prejuízos severos ao desenvolvimento desta fonte renovável ainda emergente no país. “Deixar a solar fotovoltaica de fora de leilões de energia seria um grande retrocesso, com o qual discordamos profundamente. É preciso manter a coerência do discurso com ações práticas”, aponta Sauaia.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia