foto ilustrativa

Energia solar precisa de incentivos para avançar no Brasil

A matriz energética brasileira é baseada na energia hidrelétrica. Com as alterações climáticas percebe-se que ela deve ser alterada. “Até a década de 90, o Brasil se via em uma situação confortável de ter como base da geração de energia as hidrelétricas, mas hoje esse cenário mudou”, explica o professor da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e da Computação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Enes Gonçalves Marra.

Quase todas as fontes de energia, seja hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia dos oceanos são, de forma indireta, provenientes de energia solar. Essa fonte de energia, acompanhada de outras, pode permitir a independência das usinas e dos reservatórios de água.

As indústrias precisam de energia para produção dos bens de consumo e, assim, movimentar a economia e o País. Especialistas acreditam que a energia solar pode ser uma fonte para reduzir o gasto de energia elétrica e até mesmo de cogeração por meio do bagaço de cana-de-açúcar.

O professor Enes Gonçalves Marra acredita que a energia térmica – que aquece água para geração de vapor entre 100 e 300 graus Celsius – é ideal para a indústria alimentícia. “Há uma gama de setores industriais que já utilizam e outros que podem agregar com a mescla com as outras fontes de energia”, explica. Este melhor custo benefício pode ser aproveitado para a produção de cerveja, laticínios, nos frigoríficos e até mesmo na indústria têxtil e de papel e celulose.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de energia do Estado de Goiás (Sindcel), Célio Eustáquio de Moura, a energia solar é viável e tende a ser cada vez mais atraente devido às novas tecnologias. E com o aumento de demanda, tem sido possível uma redução nos custos de produção, permitindo que este mercado tenha ampliação significativa. “Se esta demanda for importante, é possível que haja a implantação de plantas em Goiás, pois os investimentos são altos e somente justificáveis por uma demanda importante e consistente”, complementa.

A falta de tecnologia é o grande gargalo para o desenvolvimento da energia solar no Brasil. Por esse motivo, alguns convênios estão sendo realizados com outros países, a exemplo da Alemanha.

Uma cooperação entre os dois países, por intermédio da Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) pretende desenvolver e fortalecer a cadeia produtiva dos setores de energia solar no segmento heliotérmico. “Essa energia utiliza o parâmetro que as crianças usam ao queimar folhas com uma lupa – concentrar a energia solar em um ponto”, compara o coordenador geral de Tecnologias Setoriais do MCTI, Eduardo Soriano.

Usinas heliotérmicas funcionam à base do sol e geram energia despachável – isto é, a geração estável de energia durante o dia e a noite, diferentemente das eólicas. “A energia concentrada – CSP (Concentrated Solar Power) – pode ser uma alternativa para o Brasil”, complementa o professor da UFG.

Segundo Soriano, o projeto tem como objetivo produzir um planejamento energético e regulatório, juntamente com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), abrangendo questões ambientais e um conjunto de informações, como a capacitação profissional, a promoção de eventos, produção de filmes e afins. Serão investidos 9 milhões de euros até 2017. “Vamos criar o ambiente para receber a nova tecnologia como foi realizado com a energia eólica no Brasil, que permitiu que a indústria nacional se desenvolvesse”, explica o coordenador do MCTI.

Até hoje, não existe nenhuma central de geração de energia heliotérmica no Brasil. Um projeto piloto com capacidade de 1MW está em fase de planejamento e construção na cidade de Petrolina, no Estado de Pernambuco. “A Plataforma de Petrolina será uma escola sobre a tecnologia, mas não terá o armazenamento da energia gerada”, assinala Soriano. O projeto estará pronto em aproximadamente dois anos.

O primeiro passo é identificar os melhores pontos de instalação das usinas solares. Também se deve investir em tecnologia de desenvolvimento e de pesquisa e, por fim, criar uma demanda do mercado, já que tudo que é novo causa um pouco de receio.

Goiás

O Estado tem projetos. Destacam-se os estudos da Jalles Machado com a Universidade de Brasília (UnB). “Goiás tem um potencial, com um inverno longo e seco, o céu é limpo e com boa insolação”, explica o professor da UFG. Outro destaque é a transferência da holding Soliker Brasil para Luziânia, no Distrito federal, para produção de células fotovoltaicas. O objetivo da empresa é produzir, já em 2016, 130 megawatts de energia solar.

Mas antes de iniciar qualquer projeto é importante avaliar a radiação solar por um período mínimo de um ano. A produção de energia solar, diferentemente do que muitos leigos pensam, não depende do calor, mas sim da radiação solar. Por isso, é possível ver países europeus que utilizam a energia solar como complemento na matriz energética. Nos Estados brasileiros da linha do Equador isso não acontece. Mesmo com sol, a região é muito propensa a precipitações e céu nublado.

A radiação solar pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento de fluídos e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Assim, se utiliza a energia solar de três formas.

A primeira é a térmica, usual em casas e nos processos industriais, no qual a necessidade é de apenas aquecer a água em até 100 graus Celsius. Outra, já conhecida e regulada na matriz energética brasileira, é a fotovoltaica. Essa tecnologia é usualmente utilizada até mesmo em residências. Além da geração de calor, a tecnologia permite a geração de energia elétrica.

A terceira e menos conhecida no Brasil é a energia heliotérmica ou internacionalmente conhecida como CSP (Concentrated Solar Power), já desenvolvida no norte da África e Estados Unidos. Uma vasta área coberta com grandes espelhos direciona a radiação para um determinado ponto. A concentração de calor gera calor e vapor que pode atingir 600 graus Celsius. Além disso, para garantir um funcionamento mais flexível e pronto, é possível de incluir o armazenamento térmico.

A falta de tecnologia é o grande gargalo para o desenvolvimento da energia solar no Brasil. Por esse motivo, alguns convênios estão sendo realizados com outros países, a exemplo da Alemanha.

Uma cooperação entre os dois países, por intermédio da Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) pretende desenvolver e fortalecer a cadeia produtiva dos setores de energia solar no segmento heliotérmico. “Essa energia utiliza o parâmetro que as crianças usam ao queimar folhas com uma lupa – concentrar a energia solar em um ponto”, compara o coordenador geral de Tecnologias Setoriais do MCTI, Eduardo Soriano.

Usinas heliotérmicas funcionam à base do sol e geram energia despachável – isto é, a geração estável de energia durante o dia e a noite, diferentemente das eólicas. “A energia concentrada – CSP (Concentrated Solar Power) – pode ser uma alternativa para o Brasil”, complementa o professor da UFG.

Segundo Soriano, o projeto tem como objetivo produzir um planejamento energético e regulatório, juntamente com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), abrangendo questões ambientais e um conjunto de informações, como a capacitação profissional, a promoção de eventos, produção de filmes e afins. Serão investidos 9 milhões de euros até 2017. “Vamos criar o ambiente para receber a nova tecnologia como foi realizado com a energia eólica no Brasil, que permitiu que a indústria nacional se desenvolvesse”, explica o coordenador do MCTI.

Até hoje, não existe nenhuma central de geração de energia heliotérmica no Brasil. Um projeto piloto com capacidade de 1MW está em fase de planejamento e construção na cidade de Petrolina, no Estado de Pernambuco. “A Plataforma de Petrolina será uma escola sobre a tecnologia, mas não terá o armazenamento da energia gerada”, assinala Soriano. O projeto estará pronto em aproximadamente dois anos.

O primeiro passo é identificar os melhores pontos de instalação das usinas solares. Também se deve investir em tecnologia de desenvolvimento e de pesquisa e, por fim, criar uma demanda do mercado, já que tudo que é novo causa um pouco de receio.
Goiás
O Estado tem projetos. Destacam-se os estudos da Jalles Machado com a Universidade de Brasília (UnB). “Goiás tem um potencial, com um inverno longo e seco, o céu é limpo e com boa insolação”, explica o professor da UFG. Outro destaque é a transferência da holding Soliker Brasil para Luziânia, no Distrito federal, para produção de células fotovoltaicas. O objetivo da empresa é produzir, já em 2016, 130 megawatts de energia solar.

Mas antes de iniciar qualquer projeto é importante avaliar a radiação solar por um período mínimo de um ano. A produção de energia solar, diferentemente do que muitos leigos pensam, não depende do calor, mas sim da radiação solar. Por isso, é possível ver países europeus que utilizam a energia solar como complemento na matriz energética. Nos Estados brasileiros da linha do Equador isso não acontece. Mesmo com sol, a região é muito propensa a precipitações e céu nublado.

A radiação solar pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento de fluídos e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Assim, se utiliza a energia solar de três formas.

A primeira é a térmica, usual em casas e nos processos industriais, no qual a necessidade é de apenas aquecer a água em até 100 graus Celsius. Outra, já conhecida e regulada na matriz energética brasileira, é a fotovoltaica. Essa tecnologia é usualmente utilizada até mesmo em residências. Além da geração de calor, a tecnologia permite a geração de energia elétrica.

A terceira e menos conhecida no Brasil é a energia heliotérmica ou internacionalmente conhecida como CSP (Concentrated Solar Power), já desenvolvida no norte da África e Estados Unidos. Uma vasta área coberta com grandes espelhos direciona a radiação para um determinado ponto. A concentração de calor gera calor e vapor que pode atingir 600 graus Celsius. Além disso, para garantir um funcionamento mais flexível e pronto, é possível de incluir o armazenamento térmico.

Sol na usina

A Jalles Machado pode ser a primeira usina brasileira a gerar energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar e também do sol. O projeto de pesquisa e desenvolvimento conduzido pela Universidade de Brasília (UnB) estuda o potencial de um sistema híbrido megatérmico na Usina.

A nova tecnologia, ainda inexistente no Brasil, consiste na concentração da energia em um único ponto a fim de atingir altas temperaturas, aquecendo a água para produzir vapor destinado ao acionamento de geradores elétricos.

O novo projeto permitirá que a usina Jalles Machado produza energia por cogeração e também solar. A produção de energia elétrica pelo sol permitirá a economia de bagaço e a usina não ficará ociosa durante a entressafra.

O professor da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador da pesquisa, Mário Siqueira, explica que os estudos da simulação do recurso solar ainda estão em andamento. A previsão é que essa etapa seja concluída em janeiro de 2016. “É um estudo complexo. O ideal é medir a radiação solar por vários anos para ter dados confiáveis da radiação direta e difusa – dias nublados”, explica.

Viabilidade
Energeticamente a produção é viável, mas os estudos ainda vão validar se o projeto é viável economicamente. Os primeiros recursos são oriundos do CNPQ e ficaram disponíveis apenas no segundo semestre de 2014, após o início das pesquisas que identificaram também a quantidade de energia gerada e os possíveis usos.

“Qualquer tecnologia nova e em desenvolvimento é cara. Precisa-se de ajuda do governo para o aprimoramento e conclusão das pesquisas”, explica o pesquisador.

Cejane Pupulin / Canal – Jornal da Bioenergia

Veja Também

Aprovado crédito para expansão do maior complexo de energia solar da América Latina

Empreendimento, em Minas Gerais, acrescenta 422MWp ao Complexo Solar Janaúba, elevando sua capacidade instalada para …