Capazes de reduzir em 92% a emissão de CO2 em comparação a veículos similares a diesel, os novos caminhões movidos a etanol de cana já se apresentam como a solução mais sustentável para empresas comprometidas em reduzir os impactos ambientais gerados pelo transporte de carga. A avaliação é do consultor de Tecnologia e Emissões da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, após a multinacional Clariant, uma das líderes mundiais no setor químico, anunciar, em dezembro de 2015, a aquisição de três caminhões a etanol produzidos pela Scania, empresa pioneira na fabricação deste tipo de veículo.
“É significativo o fato de a Clariant reconhecer o potencial do etanol na mitigação dos gases de efeito estufa e fechar uma parceria com a Scania na compra destes primeiros caminhões, até então inéditos na América Latina, mas desde 2011 já utilizados na Europa. Sem dúvida, uma excelente oportunidade para o mercado nacional. Afinal, a maior frota de carros leves do mundo movida a etanol é a brasileira. Por que não repetir este sucesso no segmentos de veículos pesados?”, analisa o especialista da UNICA. O gerente de Comunicação e Marketing da Scania no Brasil, Márcio Furlan, acredita que a tendência é que as companhias com práticas sustentáveis optem por soluções menos agressivas ao meio ambiente em sua cadeia de transporte. “Acreditamos que esta primeira venda no Brasil para uma empresa da importância da Clariant irá gerar novos negócios. Já estamos recebendo mais consultas de empresas interessadas em conhecer os benefícios do caminhão a etanol”, afirma o executivo.
Segundo a Clariant, os três novos caminhões P 270 4×2 da Scania serão utilizados nas operações industriais da empresa em Suzano, interior de São Paulo. Trabalhando ininterruptamente nos sete dias da semana, os veículos, com capacidade de transportar até 25 mil litros de produtos químicos, farão, por ano, 35 mil movimentações para entregar suas cargas à frota rodoviária responsável pela entrega direta aos clientes. Em comunicado divulgado pela Clariant no final do ano passado, o diretor de Operações da unidade Industrial de negócios da companhia para a América Latina, Manfred Schwarz, afirmou que a substituição dos caminhões a diesel que faziam esta função deverá gerar uma redução anual considerável das emissões de GEEs. “Temos certeza de que essa operação pioneira com combustível renovável será um sucesso”, enfatizou.
Além possuir a maior frota flex de veículos leves do mundo, o Brasil também se orgulha de ser o primeiro país do continente americano a promover o uso do derivado da cana em ônibus. Graças aos 402 coletivos abastecidos com até 30% de diesel de cana e aos 59 veículos movidos com 95% de etanol na maior metrópole da América Latina, a cidade de São Paulo é referência ao adotar dois combustíveis renováveis oriundos da cana no transporte público. Os paulistas seguem o modelo implantado há mais de uma década em Estocolmo, na Suécia, onde atualmente existem mais de 600 veículos desse tipo em operação, todos produzidos pela Scania. Os ônibus paulistas movidos a etanol, como os caminhões adquiridos pela Clariant, dispõem de uma tecnologia para que os motores a diesel funcionem com uma mistura de 95% de etanol e 5% de um aditivo especial. O etanol combustível utilizado pelos caminhões da Scania tem em sua composição o aditivo Master Batch ED 95, produzido pela Clariant no Brasil. A produção local foi fundamental para a viabilidade do projeto, otimizando custos e logística. O aditivo permite que motores desenhados para consumir diesel utilizem etanol hidratado, ajustando as características do combustível às necessidades do motor para obter um bom funcionamento do veículo. Unica