Segundo maior produtor de etanol do mundo, o Brasil detém hoje uma participação de destaque no mercado de bioplástico graças ao fornecimento do biocombustível mais sustentável para a produção de polietileno e garrafas PET de origem renovável. Além disso, de acordo com o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, o País possui expertise na produção do chamado plástico “verde”, desenvolvido desde 2011 pela empresa Braskem, líder mundial de biopolímeros derivados de etanol. Atualmente, o produto já é usado por mais de 80 marcas de diferentes indústrias.
“A viabilidade comercial do polietileno feito de etanol de cana já é uma realidade não apenas no Brasil, como também no exterior. Com características de aplicação idênticas àquelas apresentadas pelo petroquímico convencional, esta resina já é utilizada em embalagens de alimentos de produtos de higiene pessoal, ferramentas de jardinagem e até de componentes de carros”, explica o especialista da UNICA. Entre as principais multinacionais adeptas da tecnologia, atuando em mercados das Américas do Sul e Norte, Europa, Ásia e Oceania, estão as multinacionais Tetra Pak, Coca-Cola, Johnson & Johnson, Faber-Castell, Kimberly-Clark, Shiseido e Tramontina.
Com faturamento de R$ 53 bilhões por ano, a brasileira Braskem, cuja capacidade atual de produção é de 200 mil toneladas de biopolímeros, iniciou pesquisas envolvendo o polietileno “verde” em 2007. Buscando manter a qualidade do produto e ainda atribuir vantagens ambientais, a fase de pesquisa com diversas matérias-primas renováveis durou aproximadamente três anos antes da opção final pelo etanol de cana-de-açúcar. Segundo a empresa, ao utilizar o biocombustível como base, verificou-se um grande diferencial: cada quilo de plástico “verde” produzido captura 2,15 quilos de CO2 da atmosfera, isso graças ao poder de absorção da cana-de-açúcar durante a sua fase de cultivo.
Em 2011, ano em que inaugurou sua fábrica em Triunfo, no Rio Grande Sul, com um investimento que superou US$ 290 milhões, a Braskem deu início a produção em escala industrial de dois tipos de biopolímeros, o polietileno de alta densidade (PEAD) e o de baixa densidade linear (PEBDL). E de cara já conquistou uma das marcas mais presentes no cenário mundial, a Tetra Pak, que incorporou o plástico “verde” nas tampas de suas embalagens de caixinha. Desde então, a Braskem não parou de inovar seu portfólio, tendo sempre como matéria-prima o combustível renovável. Em 2013, foi a vez do polietileno de baixa densidade (PEBD). Novamente, a Tetra Pak adotou a resina como componente das camadas de suas embalagens produzidas no Brasil.
De acordo a diretora de Meio Ambiente da Tetra Pak no Brasil, Valéria Michel, as embalagens da marca são formadas por seis camadas de materiais – quatro de polietileno, uma de papel e uma de alumínio. “Em 2014, a empresa passou a utilizar a matéria-prima renovável também nas camadas das embalagens. Atualmente, 100% das embalagens produzidas no país, aproximadamente 13 bilhões, são compostas por materiais provenientes de fontes renováveis”, ressalta.
Dados globais da Tetra Pak mostraram que entre 2010 e 2014, as emissões de carbono foram reduzidas em 16%, em toda a cadeia de valor da empresa. Tal redução, segundo Valéria Michel, se deve a diversas ações e iniciativas tomadas com a utilização das matérias-primas renováveis, caso do etanol de cana.“O Brasil foi pioneiro na utilização destes elementos e tem uma vantagem em relação a outros países”, conclui a executiva responsável pela marca no Brasil, subsidiária com a segunda maior operação do Grupo Tetra Pak em volume de vendas e faturamento, atrás somente da China.
Outro destaque no segmento de bioplásticos fica por conta da Coca-Cola, que em 2009 lançou a chamada PlantBottle, feita com 30% de plástico ‘verde’ à base de cana. Em junho de 2015, a companhia anunciou que suas garrafas PET serão 100% compostas de polietileno fornecido pelo setor sucroenergético. Unica