Com a pandemia, usinas desaceleraram produção de etanol e redirecionaram a matéria-prima para produção de açúcar
A safra de cana-de-açúcar 2020/2021 acumula 45 milhões de toneladas processadas em Mato Grosso do Sul. A quantidade, contabilizada até 31 de dezembro de 2020, ultrapassa a última temporada que somou 44,2 milhões de toneladas no mesmo período (+1,8%). Os dados são da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul).
A menor ocorrência de chuvas nas áreas de lavouras nas últimas quinzenas, segundo o presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho, contribuíram para o avanço na colheita. “Apesar do período de entressafra, o favorecimento do clima permitiu que as unidades em operação progredissem na colheita com mais velocidade no campo, alcançando em termos de quantidade a safra passada”, afirma.
Outro destaque da temporada é a melhora da qualidade da matéria-prima que atingiu 142,39 kg por tonelada de cana no período acumulado da safra, aumento de 3,7% na concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR/TC).
Etanol e Açúcar
Até a segunda quinzena de dezembro a produção de etanol somou 2,7 bilhões de litros, volume 13% menor comparado ao ciclo anterior. Desse total, 2 bilhões de litros correspondem a etanol hidratado (-18%) e 667 milhões de litros de anidro (-4%).
A produção de açúcar alcançou 1,73 milhões de toneladas, quantidade 140% maior com relação à safra passada e que se aproxima do recorde de produção do alimento no Estado registrado em 2017, quando atingiu 1,74 milhões de toneladas de açúcar.
Os números de produção são refletidos no mix das indústrias que indicou aumento de 127% da matéria-prima para a produção de açúcar.
Com a chegada da pandemia, as usinas desaceleraram produção de etanol e mais que dobraram quantidade de matéria-prima para produção de açúcar que saltou de 12% para 28% no comparativo com a safra passada. Ainda assim, o percentual para a produção de etanol é de 72%, dentro da média esperada para o Estado, que é o quarto maior produtor do biocombustível no País.
O presidente da Biosul explica que Mato Grosso do Sul vem de duas safras extremamente alcooleiras “favorecidas pelas condições de mercado, com uma melhor remuneração para o etanol e a consolidação do RenovaBio que fizeram com que o mix de produção do biocombustível chegasse a 90%”.
Segundo Hollanda, esse cenário mudou no último ano com a chegada da pandemia, fazendo com que as unidades readaptassem esse mix por conta, principalmente, da redução no consumo de combustível, redirecionando a matéria-prima para a produção de açúcar. “Para complementar tivemos a valorização do dólar, com alta de 30% com relação a 2019, e as cotações do adoçante que também se comportaram em alta, tornando o mercado internacional novamente atraente para o açúcar”, explica.
Mercado
As mudanças no perfil de produção sucroenergética do Estado contribuíram para o saldo positivo da balança comercial do Estado. A exportação de açúcar, de janeiro a dezembro de 2020, atingiu receita de U$$ 299 milhões. O número é do sistema Comex Stat do Ministério da Economia e indica aumento de 346% com relação as vendas externas no mesmo período do ano passado quando registrou ganho de U$$ 67 milhões.
Em quantidade, 1,1 milhão de toneladas do adoçante foram embarcadas pelo Estado em 2020, um aumento de 371% com relação a 2019.
Com os resultados acima, a participação do açúcar na balança comercial do Estado correspondeu a 5%. Canadá, Argélia e China foram os principais mercados de destino do açúcar sul-mato-grossense. (Biosul)