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Carro do futuro será movido a célula de combustível, diz estudo

Veículos elétricos de passeio parecem ser uma tendência irreversível no mercado automotivo mundial. Entretanto, ao contrário do que ocorre com a maioria dos modelos comercializados atualmente, que necessitam de um motor a combustão auxiliar ou de uma tomada para “encher o tanque”, as versões do futuro deverão gerar sua própria energia de maneira bem mais eficiente e sustentável. Isso graças a célula de combustível, capaz de converter hidrogênio em eletricidade por meio de um processo eletroquímico.

Uma pesquisa global da consultoria KPMG, feita com mil executivos de alto escalão do setor automobilístico de 42 países, revelou que 78% dos entrevistados acreditam que esta tecnologia representa a melhor alternativa para solucionar a eletrificação em massa do transporte viário. O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, lembra que a montadora Nissan parece estar atenta a esta tendência e quer avançar na questão: escolheu o Brasil como plataforma para o desenvolvimento da primeira célula de combustível alimentada por etanol.

Tecnicamente mais conhecida como Solid Oxide Fuel Cell (SOFC), a inovação representa, atualmente, a opção mais alinhada com o conceito de emissão zero de gases de efeito estufa (GEEs) no segmento quatro rodas. O especialista da UNICA explica que o projeto da empresa japonesa busca, com a adoção de um biocombustível abundante no Brasil, resolver questões-chaves para viabilizar a SOFC.

“A boa notícia é que a Nissan conseguiu extrair hidrogênio diretamente do etanol por meio de um equipamento reformador, instalado junto a célula de combustível. Isso dispensa a necessidade de se investir na produção de hidrogênio e na sua logística de distribuição. Sem contar os cuidados extremos com segurança, já que se trata de elemento químico volátil”, observa.

De acordo com a Nissan, a nova SOFC, que utiliza a reação do oxigênio com o biocombustível de cana (anidro ou com 55% de água) para produzir o hidrogênio, está sendo aprimorada e deverá chegar ao mercado até 2020. Testes já realizados em um protótipo apresentado durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro demonstraram que 30 litros de etanol deram uma autonomia de até 600 quilômetros, marca igual ao de um modelo convencional à combustão, porém sem a necessidade de longos períodos de recarga das baterias. Este, segundo indica 62% dos executivos entrevistados pela KPMG, é um dos motivos que mais atravancam à expansão comercial dos veículos elétricos.

Outros estudos internacionais também destacam os altos custos de produção e a baixa durabilidade das baterias como fatores complementares. “Cabe reforçar que diferentemente das versões a célula de combustível a etanol, os modelos elétricos, se forem abastecidos com energia gerada a partir de fontes fósseis, acabam emitindo GEEs na atmosfera”, afirma o consultor da UNICA.

Combustão

O levantamento feito pela KPMG também sinaliza que carros com motores a combustão interna (leia-se flex, no caso do Brasil) permanecerão relevantes por muitos anos, mesmo com as perspectivas de crescimento nas vendas mundiais de elétricos, que deverão atingir 110 mil unidades por ano a partir de 2023. Em 2016, foram comercializados 90 mil modelos. Para 53% dos pesquisados pela consultoria, com exceção de caminhões e ônibus, o uso de diesel em motores de veículos de passeio está com os dias contados, ainda mais após o escândalo do “dieselgate” na Europa.

Conectividade

Análises sobre a demanda crescente por conectividade e digitalização nos automóveis indicam que a venda de carros continuará representando uma parcela significativa do faturamento das montadoras, mas haverá também um crescimento nos lucros obtidos com o desenvolvimento de serviços de dados customizados – 76% dos executivos afirmaram que os automóveis conectados garantem 10 vezes mais receitas às empresas do que um modelo analógico.

 

 

Portal Unica

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