O biogás tem um grande potencial como combustível. Isso é o que sinaliza inclusive a recente sanção da Lei do Combustível do Futuro no Brasil, lei que tem o objetivo de incentivar a produção e o consumo de biocombustíveis, visando reduzir as emissões de carbono e promover a transição energética limpa e renovável. Segundo Renata Isfer, presidente executiva da Abiogás, biogás e o biometano têm um papel central nesse no cenário de fontes renováveis com potencial imediato para gerar cerca de 200 mil novos empregos e atrair investimentos na ordem de R$ 30 bilhões.
Hoje, a produção de biogás e biometano no Brasil tem experimentado um crescimento significativo, mas apesar da produção tenha crescido cerca de 800% nos últimos anos, ela ainda não ultrapassa 1,5% do potencial total do país. A produção anual de biogás é de aproximadamente 1,3 bilhões de Nm³. Já o biometano é de cerca de 330 mil metros cúbicos por dia. Um entrave ao maior crescimento é a questão regulatória e de infraestrutura que precisam ser superados para que o setor alcance seu pleno potencial. Atualmente, o Brasil possui 936 usinas de biogás, das quais 885 estão em operação (95%), 38 em construção (4%) e 13 em manutenção (1%)1. Essas usinas produzem cerca de 2,8 bilhões de Nm³ de biogás por ano.
Realidade no mundo
De acordo com a IRENA (2021), a capacidade mundial de geração de energia elétrica com a fonte biogás no ano 2000 era de 2.455 MW. Durante as últimas duas década houve uma expansão do número de plantas de biogás para geração elétrica, atingindo em 2020 a capacidade instalada de 20.150 MW. Sete países (Alemanha, EUA, Reino Unido, Itália, China, França e Brasil) possuem 73,8% das plantas de produção de energia elétrica com biogás, no mundo. Conforme os dados apresentados em IRENA (2021), a capacidade instalada no Brasil corresponde a 2,1% da capacidade mundial.
Uma análise mais recente da Agência Internacional de Energia (IEA) , feita em março deste ano, mostra perspectivas de crescimento do biogás e biometano no mundo até 2040. O estudo, que contou com a colaboração da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), cita a grande disponibilidade de matérias-primas sustentáveis. O estudo tomou como base o ano de 2018, em que a produção de biogás foi de 35 milhões de toneladas equivalentes (Mtoe), muito aquém do potencial calculado pela IEA de 570 Mtoe de biogás e 730 Mtoe de biometano. De acordo com a análise, o aproveitamento total deste potencial poderia suprir 20% da demanda atual de gás mundial. Entre os insumos utilizados estão resíduos da agricultura, dejetos de animais, resíduos sólidos urbanos, águas residuais e resíduos florestais.
Canal-Jornal da Bioenergia